Candidato a presidente do Vitória, Raimundo Viana quer tirar o clube da crise em que encontra. “Temos que tentar desenhar um time de futebol com um grau médio de competitividade. Temos que ser algo mais acima dos demais competidores, pela camisa e tradição do Vitória. Você tem que remontar o time. Para isso, você tem que resolver problemas de atletas que vão sair e recurso para contratar novos atletas. Vamos para a luta, não podemos abaixar a cabeça e dizer que não vai ter jeito. Precisamos tirar o Vitória do atoleiro”, afirmou. De acordo com Viana, o clube irá colocar uma espécie de cota de atletas oriundo das divisões de base na equipe profissional. “Esse é meu ponto alto. Qualquer instituição esportiva para sobreviver, de médio para cima, precisa de três coisas: primeiro, um estádio e o Vitória tem. Segundo uma grande estrutura de base e isso desenhamos lá atrás. (…) Qualquer organização grande no futebol mundial tem que ter pelo menos, permanentemente, 30 a 40% de sua base. Com isso você barateia teu custo e motiva os garotos que estão lá. Se ele vê que alguém subiu, é titular, ele vai se motivar e vai esperar a hora dele chegar. Se você não aproveita ninguém, para que serve sua base? Para ganhar eventualmente um campeonato? A base será uma das nossas prioridades”, destacou.
O que te motivou a sair candidato?
Muita insistência de vários setores da torcida. Por onde quer que eu passasse, apelavam para eu voltar e encarar esse desafio. Não teve jeito. Estamos aí nessa luta. Sempre digo que temos que separar joio do trigo. Há pessoas que tem projetos pessoais e há pessoas que tem projetos para a instituição. Nem eu e nem Marcus [Sarmento] estamos nos candidatando para nos beneficiar. Estamos nos candidatando para tirar o Vitória dessa situação de descrédito em todas as camadas. A falta de orgulho do torcedor é imensa.
Qual a sua principal proposta?
Deixa eu repetir: sempre digo que a coisa mais fácil do mundo é apresentar projeto. Na esquina tem um rapaz que redige o projeto do Barcelona, do Bayern de Munique… Infeliz e desgraçadamente, a gente passa por uma crise sem tamanho no clube. Já ocorreu na outra eleição. Qual o primeiro objetivo? Resgatar a autoestima da torcida rubro-negra e passa naturalmente pelo futebol, que só deixou a desejar nos últimos tempos. As dificuldades são enormes, mas conto com Marcus Sarmento, meu candidato à vice, e vamos para frente. Vamos reestabelecer o perfil de um time vencedor.
Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias
O Vitória teve uma diminuição de receitas na próxima temporada. Como trabalhar com um orçamento mais enxuto?
Vou usar mais uma vez essa expressão: estamos pegando um carro com os pneus furados, o carro está andando e temos que trocar os pneus com o carro andando. Não tem essa de “herança maldita”, “não sabia que era assim”… A gente sabe. Você está batendo nisso. Não conhecemos a extensão, mas não estamos iludidos de que vamos receber facilidades. Para onde você olhar, é problema. É aquela história: o torcedor já não tem paciência para esperar, mas é preciso tempo para ajustar as linhas. O time do Vitória é bom? Claro que não. Precisa recauchutar? Claro que precisa. O primeiro jogo já é agora, lá fora, em um horário meio estranho… Temos que tentar desenhar um time de futebol com um grau médio de competitividade. Temos que ser algo mais acima dos demais competidores, pela camisa e tradição do Vitória. Você tem que remontar o time. Para isso, você tem que resolver problemas de atletas que vão sair e recurso para contratar novos atletas. Vamos para a luta, não podemos abaixar a cabeça e dizer que não vai ter jeito. Precisamos tirar o Vitória do atoleiro.
Como foi essa composição com o grupo “Vitória Raiz”, que indicou Marcus Sarmento como o seu vice?
Na verdade, o seguinte: hoje a coisa no Vitória está muito polarizada, viu? Tem um cidadão que é candidato há dois ou três anos e do outro lado comungam de outros sentimentos. Esse lado começou a se juntar. Todos nós temos algo em comum, que é a necessidade do Vitória não cair mais em precipício. “Blá blá blá” estamos acostumados a ouvir por aí. “Vou fazer isso”, “vou fazer aquilo”… Soube até que estão oferecendo passagem para a lua de graça. “O Vitória vai ser o Barcelona do Nordeste, o Real Madrid”…
Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias
]O Vitória vive um momento de instabilidade política. Isso começou lá atrás com a renúncia de Falcão. O senhor o sucedeu e depois veio Ivã de Almeida e Ricardo David, que não completaram o mandato. Qual a solução para tirar o clube desta crise?
Olha que situação: há pouco tempo estava envolvido até a cabeça com uma solução que fosse a menos traumática para o clube, que o Vitória não aguenta mais renúncia de presidente, rapaz! Aqui se muda de presidente como se muda de camisa! Um por questão pessoal, outro por incompetência… Uma série de razões. Você conseguir que alguém abra mão de um resto de mandato é muito difícil, principalmente em um país em que ninguém abre mão de uma caixa de fósforo vazia, quanto mais de um mandato de conselheiro, conselheiro fiscal, presidente e vice, e a gente conseguiu. Quero registrar a excelente postura que tomou o atual presidente do Conselho, Robinson Almeida. Esse rapaz foi incansável, incansável e aí está. Uma eleição tranquila, sem se falar em juiz, aliás, está se falando. Tem gente aí que escreveu, não leu e vai para a Justiça. Mas isso é outro assunto. O Vitória é grande, e como é uma organização grande, consegue dar a volta por cima em seus problemas de ordem institucional. Eu só assumi uma candidatura no momento em que as confluências de ideias foram se ajustando. Mal a gente respira, já temos que pensar também na equipe de trabalho. Dá tempo? Não dá. Temos pensamentos, estamos com o radar do futebol ligado, vendo para onde podemos ir. Isso passa por treinador, auxiliar técnico, gestor de futebol, até porque a gente não sabe o que acontece lá, a gente não sabe todos os profissionais que estão lá. O ideal é que você comece com uma equipe nova. Tem-se feito sondagens, não em nomes… Particularmente. Com atletas você entra em campo, ainda que não tenha treinador.
Como será o tratamento para as divisões de base?
Esse é meu ponto alto. Qualquer instituição esportiva para sobreviver, de médio para cima, precisa de três coisas: primeiro, um estádio, o Vitória tem. Segundo uma grande estrutura de base, desenhamos lá atrás. Aí está o exemplo dos David’s da vida. Terceiro, uma grande estrutura de marketing para viabilizar a marca Vitória. Nessa estrutura você vai vender jogador, fechar sua conta com a venda de um determinado. Qualquer organização grande no futebol mundial tem que ter pelo menos, permanentemente, 30 a 40% de sua base. Com isso você barateia teu custo e motiva os garotos que estão lá. Se ele vê que alguém subiu, é titular, ele vai se motivar e vai esperar a hora dele chegar. Se você não aproveita ninguém, para que serve sua base? Para ganhar eventualmente um campeonato?
O projeto Arena Barradão, lançado em sua gestão em 2016, sairá do papel?
Rapaz… Vamos precisar mexer com isso. Não é que seja uma prioridade. Por enquanto, é tirar o Vitória do atoleiro. A partir daí tem o projeto macro. O torcedor não aguenta assistir futebol quando chove, porque não tem uma cobertura. Os sanitários não são suficientes. E outra: quando você implanta uma arena… O Palmeiras está aí, dando resultado, o Corinthians, Athletico Paranaense, Grêmio… E o Flamengo vai fazer uma Arena. Todo mundo está planejando. O que não deu certo foi a roubalheira. Aí não pode dar certo nunca! O Maracanã está aí batendo ‘biela’. Acho importante, mas não é por agora. É tirar o carro do atoleiro, consertar os pneus…
Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias
Hoje o Vitória se encontra muito desunido e todos os candidatos falam em união. Isso é possível depois das eleições?
O Vitória foi fundado na casa da família Valente. Tem um prédio lá na Avenida Sete, perto da Igreja da Vitória, com dois leões na frente. O primeiro presidente foi Artêmio Valente e depois de 18 dias ele renunciou porque houve uma briga. Está no DNA do Vitória essa desunião porque tem gente que tem projeto pessoal e tem gente que tem projeto para a instituição. Isso é água e óleo. Fiz de tudo para estabelecer união. Cheguei a telefonar para o Alexi para a gente fazer uma reunião para falar do Vitória. Disse até que não era para pedir dinheiro emprestado, não é dinheiro, nem voto. Ele não atendeu. Mas posa de bacana para resolver o problema? Não dá! É ilusão. Ao tomar posse, disse que ia fazer de tudo para estabelecer uma convivência harmoniosa entre todas as correntes do clube, até porque todo mundo tem seu perfil. Um tem projeto pessoal e outro tem projeto para a instituição. Segundo: cada um tem uma ideia sobre as coisas do clube. Se você fizer uma pergunta anônima a mim e a Marcos, como dois torcedores sobre o time ideal. Pode ser que tenha alguma coincidência, mas não vai ter. Aí vão ter as vaidades pessoais. Como você está dirigindo, a última palavra é a tua. É o que tem o direito de errar por último. Se eu errar, é o clube que está errando.
E o basquete? Você pretende reativar a equipe?
Tenha certeza que vamos fazer de tudo para reativar essa parceria. Já entrei em contato com Wellington Salgado [presidente da Universo]. O assunto está na ordem do dia.
Deixe um recado para o torcedor do Vitória.
O recado é de um torcedor como qualquer outro torcedor do Vitória. Todo mundo me conhece de arquibancada. No mesmo lugar, chovendo ou fazendo sol, de noite ou de dia, estacionando o carrinho onde um torcedor comum estaciona. Não tenho privilégio de camarote… Quem vai estar lá é um torcedor. Vou ser um torcedor-dirigente. Tudo que eu fizer, ao lado de Marcus, tenha certeza, torcedor: é para dar alegrias a você e a mim. Quero ter o orgulho de contribuir para a alegria do torcedor.
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