Liderado pelo comandante da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Centrão pressiona o presidente Lula a realizar uma reforma ministerial a fim de aumentar a influência dos deputados na Esplanada e, ao mesmo tempo, reduzir a participação de nomes indicados por senadores. A meta do grupo é controlar uma pasta com capilaridade pelo país, orçamento bilionário e engrenagem pronta para a liberação de emendas parlamentares. No topo da lista de desejos está a Saúde, mas Cidades e Integração também são cobiçadas.
O Centrão sabe que não tem chances, por enquanto, de assumir a Casa Civil, mas gostaria que o atual ocupante do cargo, Rui Costa, fosse demitido o mais rapidamente possível. É uma questão que envolve política e fígado. Ex-governador da Bahia, Costa convenceu Lula a não nomear o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, seu adversário no estado, para o ministério. Aliado de Lira, Nascimento é hoje um dos principais idealizadores de toda sorte de dificuldades impostas ao governo na Câmara. Informa a VEJA.
Com o aval de Lira, Nascimento tem pronto um plano para convocar Rui Costa a prestar esclarecimentos no plenário da Casa. Só falta decidir qual o momento mais adequado para submeter o ministro ao constrangimento. A rivalidade estadual é até um problema menor para o chefe da Casa Civil. Na residência oficial da Câmara, Lira cobrou de Rui Costa uma explicação para o fato de ele ter tido que houve bandidagem na privatização da Eletrobras, aprovada pelo Congresso na legislatura passada.
Em outra conversa, esta com Lula, Lira afirmou que o ministro não respeita a liturgia do cargo e atravessa negociações. Na Câmara, expressões como “troglodita” e “desleal” são usadas para definir o desafeto. Consolidou-se também a percepção de que os acordos políticos negociados para ampliar a base governista não saem do papel porque Rui Costa não deixa. Seria dele a responsabilidade por retardar a liberação de emendas e a distribuição de cargos.
Numa conversa recente, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e um dos petistas mais importantes na história do partido, declarou que foi um erro de Lula nomear Rui Costa para a pasta, porque ele não tem habilidade política. Integrantes do partido compartilham dessa avaliação. Já Lula mantém até aqui o apoio ao capitão do time.