A relação de Bolsonaro com a Globo vai de mal a pior. Definida como “canalha”, “patife” e tratada como inimiga pelo presidente, a emissora carioca teve um grande corte no valor de publicidade que recebe do Governo Federal. De acordo com o site Notícias da TV, o valor deve ser cortado em mais da metade.
No ano passado, a emissora faturou cerca de R$ 400 milhões líquidos com publicidade oficial do Governo Federal. Neste ano, o valor irá despencar para entre R$ 150 milhões e R$ 170 milhões com campanhas de estatais e ministérios.
E o corte para este ano ainda poderia ser maior, cerca de um quarto do que recebia no governo Temer. Isso porque o Banco do Brasil já tinha fechado antes da posse de Bolsonaro o patrocínio do Bom Dia Brasil e do programa Pequenas Empresas Grandes Negócios.
Na madrugada da última quarta (30), em live transmitida no Facebook, Bolsonaro reagiu a uma reportagem do Jornal Nacional que dizia que o porteiro do condomínio do presidente o relacionou ao assassinato da vereadora Marielle Franco. Jair acusou a Globo de fazer fortuna com verbas públicas, sugerindo que a emissora se beneficiou em governos anteriores com uma maior fatia do bolo publicitário. O presidente chamou isso de “mamata”.
“Tava muito bom com governos anteriores, mamavam bilhões de estatais, publicando balancetes de estatais, de bancos oficiais, anunciando no nome de vocês. Acabou esta mamata, não tem dinheiro público para vocês, acabou a teta, vão ficar me infernizando até quando?”, afirmou o Bolsonaro, se dirigindo à Globo.
A Globo respondeu dizendo que “não depende nem nunca dependeu de verbas de governos, embora a propaganda oficial seja legítima e legal”.
De fato, segundo o Notícias da TV, os R$ 400 milhões que arrecadou com orgãos do governo federal em 2018 representaram apenas 4% dos R$ 10,060 bilhões que arrecadou em todo o mercado. Um levantamento do site Poder360, contudo, revelou que o Grupo Globo recebeu R$ 10,2 bilhões do governo de 2000 a 2016, o que equivale a um ano inteiro de faturamento.
A Globo ficou com 50% dos R$ 800 milhões que as emissoras faturaram com o governo central no ano passado. A Record teve 20% do bolo, e o SBT, 10%. Dados deste ano estão sendo preservados a sete chaves pelo governo, mas já é dado como certo que a verba para publicidade oficial vai cair, principalmente na TV aberta, uns 20%.
A participação da Globo nessa divisão deve diminuir pela metade, mas mesmo assim ela tende a se manter na liderança do ranking das TVs que mais recebem dinheiro do governo, porque, como tem mais audiência, sua tabela de preços é bem mais alta do que as das concorrentes.
‘Critérios técnicos’
A verba de publicidade das estatais e ministérios é controlada pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), ligada à Presidência da República. Está sob o comando de Fabio Wajngarten, fundador do Controle da Concorrência, empresa que monitora o mercado publicitário.
Nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, a Secom passou a adotar critério em que se distribuía as verbas de publicidade proporcionalmente ao tamanho da emissora. O órgão informa que hoje usa critérios “exclusivamente técnicos”, como faz “qualquer empresa privada”, em que se considera “uma estratégia de mídia”. A distribuição de verba segue a estratégia de cada campanha.
Fonte: Correio.
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