Autoproclamado porta-voz de negros e mulheres, o PT deixou de injetar R$ 155 milhões de recursos dos fundos voltados a cotas de gênero e de raça nas eleições deste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em agosto, o PT recebeu cerca de R$ 500 milhões do fundo eleitoral, com previsão de aplicar R$ 185 milhões, o equivalente a aproximadamente 40% do valor, em candidaturas femininas. A sigla, contudo, injetou apenas R$ 140 milhões às candidaturas de mulheres, ou seja, R$ 45 milhões a menos do que foi previsto.
Sobre as pessoas negras, a legenda deveria ter repassado cerca de R$ 250 milhões. No entanto, a aplicação dos recursos do fundo foram de pouco mais de R$ 140 milhões, diferença de quase R$ 110 milhões a menos.
O TSE deu três dias para que o PT ou complemente os dados comprovando o repasse correto, ou justifique a diferença nos valores apresentados na prestação de contas do partido.
Na disputa deste ano, os partidos que mais elegeram candidatos autodeclarados negros são de direita.
Dos 135 deputados do grupo, 25 são do PL, o partido do presidente Jair Bolsonaro. Em seguida vem o Republicanos, que elegeu 20 deputados registrados como negros, e o União Brasil, que levou 17 à Casa. Ainda no espectro de centro-direita, o PP fez 15 representantes negros.
Em quarto lugar, como primeiro partido de esquerda no ranking, vem o PT de Lula, com 16 cadeiras. O MDB elegeu 8 deputados que se declaram negros; PSD e PDT, 6 cada um; Podemos, 5; PCdoB, 4; Avante, Pros, PSB e PV, 2 cada um; Solidariedade e Rede, 1 cada um.
PSDB, Novo, Cidadania, PTB, PSC e Patriota não elegeram para a Câmara nenhum representante identificado como negro. “O crescimento ocorre depois da instituição da lei que determina peso dois para candidaturas femininas e negras à Câmara, medida que prevê maior fundo partidário no futuro às siglas que elegerem mais representantes dos grupos”, observou a Folha, sobre partidos de direita elegendo mais candidatos negros que os de esquerda.