Já se perguntou por que você encontra um número significativo de ambulantes nas praias de Jaguaribe, Piatã e Itapuã, diferente de outras áreas da orla de Salvador? Apesar de não detalhar a quantidade de permissionários que trabalha nessa região, o presidente da Associação dos Trabalhadores da Orla Pé na Areia (Astop), Elismar Mota, pontua alguns fatores que explica tal concentração.
A explicação disso não é tão óbvia, visto que engloba um conjunto de diversos fatores, como a distância entre as praias e as residências dos permissionários, potencialidade de venda de cada área e a presença de público fora do período de alta estação.
A primeira delas é a logística, que influencia diretamente a presença do ambulante ou do barraqueiro. “O fator logística é responsável por gerar melhores números de permissionários nessas praias citadas, além da potencialidade de vendas”, diz Elismar.
Logística é o que fez o ambulante Paulo Martins de Souza, 52, escolher as praias de Piatã e Itapuã como áreas de trabalho para a venda de amendoim torrado. Em seis dias da semana, ele sai do Parque São Cristóvão, próximo ao Aeroporto Internacional de Salvador, em direção às praias da orla soteropolitana. “Vendo basicamente nas praias de Itapuã e Piatã. Entendo que são ótimas praias para trabalhar porque facilitam meu itinerário”, pontua.
Outro ponto determinante para uma maior concentração no trecho entre as praias de Jaguaribe e Itapuã é a fuga da sazonalidade. De acordo com Elismar Mota, a capital baiana ainda possui problemas em movimentar o setor de turismo, incluindo as cadeias do segmento que sobrevivem pelo movimento nas praias, por causa do próprio teor sazonal.
“Salvador ainda é uma cidade sazonal e sofre com isso. Então, um trecho de praia que tem frequentadores assíduos e que pode ter um elemento geracional de receita ao longo do ano, nos meses de maior fragilidade do turismo, faz com que o permissionário tenha maior interesse em trabalhar em determinado local”, afirma Mota, que conversou com a reportagem durante uma audiência pública que debateu a regulamentação para o comércio de praia em Salvador, realizada na última terça-feira (12).
Isso é perceptível no número de turistas recebidos no verão e em outras estações. Nos dois últimos verões, Salvador recebeu mais de 5 milhões de turistas: 2,8 milhões na temporada 2021/2022 e 3 milhões na temporada 2022/2023 de pessoas, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). A partir de abril, quando já estamos no outono, o fluxo turístico cai em 4,8%, conforme o Observatório do Turismo, vinculado à Secult.