Assim como muitos garotos espalhados pelo Brasil, Cauã Levi sonhava em ser jogador de futebol. De fato, se tornaria um atleta multicampeão, alguns anos depois. Mas os títulos não viriam no gramado, como ali pensou – e sim nos tatames.
Hoje aos 16 anos, o baiano é um dos fenômenos do jiu-jitsu brasileiro. Ele é dono de três títulos sul-americanos, além de ser o atual campeão brasileiro dos meios-pesados na faixa azul do Juvenil 1.
Mas o currículo estrelado não para por aí. No ano passado, Cauã foi medalha de bronze no Campeonato Mundial, disputado em Long Beach, na Califórnia. Já em 2023, o atleta migrou para o peso médio do Juvenil 2. E a mudança veio com mais pódio: conquistou a prata no Campeonato Europeu, realizado em janeiro, em Paris.
Tudo isso pareceria imaginável para aquele menino que só queria jogar bola – e que nem gostava do jiu-jitsu quando foi apresentado ao esporte.
“Eu comecei em 2014, quando tinha 8 anos. Era em um projeto social em Lauro de Freitas, com o professor Júnior Peves. Mas não gostava (risos), não era fã. Como todo moleque de rua, queria mesmo era jogar futebol. Mas minha mãe foi me incentivando e, aos poucos, tomei gosto”, disse.
Cerca de cinco meses após ser apresentado ao jiu-jitsu, Cauã participou da primeira competição. “A ideia era me divertir. Mas perdi a primeira luta, o que me frustrou. Mas minha mãe e meu professor continuaram me incentivando. ‘Vá, se joga, treina mais’. E assim fui gostando cada vez mais”, completou.
Hoje, Cauã faz parte da equipe Six Blades, que fica em Nova Brasília de Itapuã, e é treinado pelos professores João ‘Bosko’ e Diego Kalil. E, atualmente, se prepara para uma verdadeira maratona de campeonatos.
Só em abril, serão três, a começar pelo Rei do Tatame, no domingo de Páscoa (dia 9), no Ginásio de Cajazeiras. No fim de semana seguinte, 15 e 16, é a vez do Salvador Fall International Open, em Lauro de Freitas. No fim do mês, Cauã embarca para São Paulo, para tentar o bicampeonato brasileiro.
Mas não para por aí. Em maio, o atleta competirá na Copa Pódio de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. E, na sequência, carimba o passaporte rumo aos Estados Unidos, para tentar seu primeiro título do Mundial. O torneio será no início de junho, na Califórnia. A recheada agenda ainda tem o Sul-Americano, que deve acontecer em outubro, no Rio de Janeiro.
“Para estarmos prontos para as competições, fazemos um treino ‘camping’. É um treinamento de competição, diferente das atividades do dia a dia. Com nossa equipe, traçamos nossos objetivos, nossas metas, e focamos nos torneios”, explicou.
Mas essa não é a única preparação que Cauã Levi precisa antes de tantas competições. Com tantas viagens envolvidas, é preciso se organizar também financeiramente.
Hoje, o baiano conta com algumas ajudas. A Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e a Secretaria de Trabalho, Esporte e Lazer de Lauro de Freitas (Setrel) dão algumas inscrições e passagens. A Federação Baiana de Jiu Jitsu e MMA (FBJJMMA) também ajuda com patrocínio em campeonatos no estado. Mas ainda há inúmeros gastos com hospedagem, alimentação, entre outros.
Para tornar o sonho do filho possível, a mãe dele, Carla Damazo, faz o impossível. Vende rifas, organiza feijoadas beneficentes, faz apelos pelas redes sociais, vende comida…
“A gente está querendo fazer um bingo e rifa, no dia 16 de abril, para ele poder ir para o Campeonato Brasileiro. E, no início de maio, devemos fazer uma feijoada, para ajudar nas despesas do Mundial”, adiantou Carla. Quem quiser ajudar também pode entrar em contato com Cauã nas redes sociais, ou doar na chave pix abaixo.