As obras de revitalização da orla de Salvador já batem na porta da última faixa de praia da capital: Stella Maris e Praia do Flamengo. Por lá, moradores se juntaram com os técnicos da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) para desenhar o conceito dos espaços que devem, em Stella Maris, valorizar a prática do surfe e o convívio entre visitantes e moradores, e no Flamengo, revitalizar áreas verdes.
A Fundação realizou três oficinas com os moradores até chegar ao projeto conceitual, que foi amadurecido pela equipe técnica e ao qual o CORREIO teve acesso. Nele, entre outros conceitos, há uma nova lógica de exploração dos espaços públicos, através de quiosques: serão 42, no trecho entre Stella Maris e Praia do Flamengo, até Ipitanga.
Todo o trecho terá equipamentos: de dez metros para vendedores de coco e baianas de acarajé; de 14 metros, com sanitários, com conservação a cargo dos permissionários; e tendas de 30 a 50 metros, que terão permissão para venda de bebidas e alimentação.
A presidente da FMLF, Tânia Scofield, diz que o projeto executivo (necessário para definir custos e intervenções no local) será finalizado até maio. A partir daí, passa à Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), que tem três meses para licitar.
A requalificação será com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Nossa expectativa é que as obras iniciem até outubro, é uma obra para ser entregue em 2016”, afirma Tânia Scofield. “Em Stella e em Praia do Flamengo, temos uma situação de preservação ambiental. Vamos considerar a área de restinga, áreas de horto. Serão grandes áreas de lazer com visão e aproveitamento integrado com a praia”, completa.
Stella
Em Stella, o forte do projeto é a adaptação para a prática do surfe. “A ideia é dar um apoio ao surfe, que é significativo em Stella. Serão locais para a guarda de objetos, para que os praticantes armem e desarmem equipamentos e para melhorar a infraestrutura, dar condições para a colocação de palcos quando houver campeonatos”, diz Jorge Moura, gerente de projetos especiais da FMLF.
A montagem dos palcos e das estruturas continuará sendo provisória, mas terá uma infraestrutura de energia e iluminação, além de abastecimento de água. Estão previstos ainda quiosques, equipamentos de ginástica e áreas reservadas para a contemplação do mar, além de pistas para caminhada e ciclovia. Em alguns pontos, como ao fundo do Gran Hotel Stella Maris, terá piso táctil compartilhado.
Moradora de Stella Maris há seis anos, a pedagoga Maria Cristina Leal, 61 anos, vê na reforma uma esperança para valorizar o bairro. “Nossa praia é muito boa, finais de semana tem um superlotação. É um projeto à beira-mar de primeiro mundo. Isso me deixa esperançosa e receosa, mas percebemos que é algo que dá pra fazer”, opina.
Beira-mar
Os técnicos da FMLF chamam de Centros de Animação os espaços que se assemelham a praças à beira-mar. Eles estarão presentes em Stella e no Flamengo e terão bancos, paisagismo, pérgolas e arquibancadas para contemplação do mar ou anfiteatros e pista de skate.
O trânsito da Alameda Cabo Frio, na área onde hoje há um módulo da Polícia Militar (que permanece), desaparece para dar espaço a um desses centros. O trânsito da região passará à Rua Ibitiara. O trecho da orla vai ganhar também postos salva-vidas. Por se tratar de áreas de desova de tartarugas, a iluminação nesses trechos será especial e deverá ser aprovada por uma equipe de biólogos.
Equipamentos
Para o presidente da Associação de Moradores do Flamengo, Téo Baiano, é preciso continuar a discussão em relação ao local dos equipamentos. “Só com o tempo e a obra em si será possível avaliar se vai ser boa, ou não. Tem algumas coisas que estão ain da pendentes, como uma quadra sem alambrado que querem construir. Como fica o banhista na hora de um jogo?”, questiona Téo.
O trecho soteropolitano da Praia de Flamengo, até Ipitanga, antes do Kartódromo, vai se manter como referência na preservação da área verde. Para isso, o projeto inclui a criação de trilhas de caminhadas de 100 a 150 metros, além de bosques, e de exploração das faixas de servidão, que são largos caminhos que desembocam na praia.
Para isso, haverá limitação no acesso de veículos, como, a princípio, na Alameda Cabo Frio, que fica na Praia do Flamengo. Diferente de Stella Maris, que conta com ciclovias em harmonia com os pedestres, a Praia do Flamengo terá ciclofaixas.
OBRAS NA ORLA
Barra: Começa no início de março a segunda etapa de requalificação, que tem previsão de ser finalizada em oito meses, no trecho entre o Barra Center e o antigo Clube Espanhol (com investimentos de R$ 6 milhões, de financiamento da Caixa).
Em seguida, uma nova fase, entre o antigo clube até a Praia da Paciência, no Rio Vermelho, custará R$ 27 milhões. A reforma inclui alargamento da calçada, ciclovia e estão previstas obras de drenagem e reformas na iluminação e no sistema de água e esgoto. Nesse trecho, embora o material usado na pavimentação seja similar ao do primeiro, a ideia não é de implantar piso compartilhado.
Ribeira: Segundo Paulo Hermida, da diretoria da Casa Civil Municipal, a revitalização está em fase final e deve ser concluída ainda esse semestre. Lá, o projeto inclui piso compartilhado e paisagismo. Trecho da orla da Ribeira também foi requalificado.
Jardim de Alah: Já em obras e com expectativa de conclusão nos próximos seis meses, contará com bicicletário, recuperação de paisagismo, pista de caminhada e chuveiro sobre deck em madeira. O investimento é de R$ 4 milhões.
Piatã: As obras, que começaram em agosto do ano passado, devem ser concluídas até o final do primeiro semestre deste ano. Serão investidos R$ 10,1 milhões em um trecho de mil metros de extensão. As obras estão em andamento.
Itapuã: Deve ser entregue no início do segundo semestre deste ano. Segundo Paulo Hermida, a judicialização por causa da derrubada de um dos estabelecimentos no trecho da reforma pode atrapalhar os prazos. Investimento de R$ 9,3 milhões.
Fonte: Correio
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