O ex-secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, foi flagrado em grampos na investigação da Operação Faroeste. De acordo com publicação do jornal O Globo, Barbosa promete, em pelo menos uma gravação telefônica citada nas apurações, interceder em favor de um empresário em um contrato com o Governo da Bahia.
Delegado da Polícia Federal, o ex-chefe da pasta foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República no início de julho sob acusação de obstruir as investigações contra envolvidos na Faroeste, que apura corrupção no Judiciário baiano. Suspeito de comandar uma central de interceptações, Barbosa teve suas conversas apreendidas pela PF.
Na mensagem de áudio enviada no dia 8 de maio de 2019, segundo a PGR, o servidor promete interceder por um amigo – empresário da área de segurança – em uma contratação no Governo da Bahia.
“Valeu meu irmão, tamo junto. É… veja se você precisar de qualquer apoio aí com Mariana, até que a gente interceda lá no processo, fazer por** de licitação pra menor preço não rapaz. Botar sua lá, viu”, diz Maurício Barbosa.
Ainda segundo O Globo, a PGR afirma que Barbosa acumulou patrimônio acima dos seus salários de funcionário público e que ele tinha uma “sociedade ilegal” em uma empresa de segurança privada, apesar de ser o titular da SSP.
“A análise do aparelho telefônico, apreendido pela PF em poder de MAURÍCIO BARBOSA, trouxe à demonstração da magnitude de seu poder na área de segurança, visto que, além de ter se perpetuado no cargo de secretário, por quase uma década, não obstante seu contato com diversos investigados da Operação Faroeste, em atividades criminosas, ele comandava, ao menos, duas frentes empresariais no ramo da segurança privada”, escreveu a PGR.
O patrimônio do delegado também é alvo da Justiça. “MAURÍCIO BARBOSA, mesmo com salário de servidor público federal, acumulou patrimônio imobiliário na capital baiana e no litoral norte, dois automóveis de luxo, quais sejam a BMW X6, placa PKO6H21, e a BMW 320i, placa FLC4I14, além de seis armas de fogo registradas em seu nome, sendo três delas pistolas Glock”.
EXONERAÇÃO
Maurício Barbosa foi exonerado do cargo de secretário da Segurança Pública da Bahia em dezembro do ano passado, depois de ser alvo da Operação Faroeste. No posto desde 2009, é suspeito de passar informações privilegiadas a outros investigado. Ao todo, além de Barbosa, 15 pessoas foram denunciados pelo MPF.
São eles: os desembargadores Maria do Socorro Barreto, Gesivaldo Nascimento Britto e José Olegário Monção Caldas, os juízes de Direito Sérgio Humberto e Marivalda Moutinho, os advogados Márcio Duarte, João Novais, Geciane Maturino dos Santos e Aristóteles Moreira, a promotora Ediene Santos Lousado além dos delegados Gabriela Macedo e Maurício Barbosa.
DEVANEIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A defesa de Maurício Barbosa disse ao O Globo que o ex-secretário não tem nenhuma empresa de segurança e disse que o fato se trata de uma “situação hipotética fruto de um devaneio do Ministério Público Federal”. Sobre o grampo telefônico, reafirmou que que a conversa precisa ser periciada para saberem se é verdadeira e em que contexto teria ocorrido.
HISTÓRICO
Maurício Barbosa assumiu a SSP em janeiro de 2011, durante o então governo de Jaques Wagner (PT), e lá permaneceu durante toda a primeira gestão de Rui Costa (PT), sendo mantido para a segunda, em 2018. Após denúncias na Faroeste, foi substituído pelo juiz aposentado Ricardo Mandarino. Informações do Aratu Online.