A Agência Nacional do Petróleo está considerando a possibilidade de autorizar a venda fracionada de gás de cozinha. Foi lançado, nesta terça-feira (23), o programa do novo mercado de gás, que tem o objetivo de reduzir o preço.
A Agência Nacional do Petróleo quer permitir a venda do botijão de gás parcialmente cheio. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o diretor-geral da agência disse que a medida em análise deve beneficiar o consumidor doméstico.
“Está em estudo a liberação do botijão sem marca e o enchimento de vasilhames de outras marcas. Hoje, o usuário recebe o botijão na sua casa ou vai retirá-lo numa revendedora. Se avalia dar ao consumidor, como acontece nos Estados Unidos, a opção de levar o botijão a locais de enchimento, onde não terá que pagar novamente pelo volume de gás residual que ficou no recipiente ao final do uso. Atualmente não é possível comprar um botijão parcialmente cheio, prática que equivaleria a um motorista ser obrigado a encher todo o tanque do carro. Isso impacta, particularmente, as famílias de baixa renda, que chegam ao final do mês sem recursos pra comprar um botijão completo”, afirmou Décio Oddone.
Hoje, o preço médio do botijão cheio é de R$ 70 no Brasil. O governo ainda não tem estimativa de quanto a venda fracionada impactaria no preço. A mudança precisa ser aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética, que se reúne no fim de agosto. Segundo a agência, o funcionamento na prática, o transporte e o abastecimento fracionado serão definidos após a aprovação da medida.
O programa do novo mercado de gás impacta também a indústria que enfrenta o preço alto do gás natural. O Brasil é um dos países com maior custo de gás natural para a indústria: US$ 14 por milhão de BTU – a unidade de medida do gás. Em países da Europa, esse valor cai para menos de US$ 9 e menos de US$ 4 nos Estados Unidos.
Um acordo entre a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, permitiu a quebra de monopólio da estatal para o transporte e distribuição de gás das plataformas. Com essa mudança, outras empresas vão poder participar da produção, transporte e distribuição de gás no país, barateando os preços e o custo para a indústria.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o novo mercado vai atrair investimentos e que o preço vai cair: “Tem gente muito boa que estima em até 40%, em dois anos, a queda do preço do gás natural no Brasil. Nós vamos ver. É uma proposta empírica, uma proposição empírica. Agora, nós temos certeza que o preço vai cair, porque nós vamos aumentar brutalmente a oferta com um choque de investimentos no setor”.
Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), aponta que o avanço no mercado será sentido no bolso dos consumidores: “O que o consumidor comum quer? A casa própria, o automóvel. A casa e o automóvel são constituídos de aço, de vidro, de cimento, de borracha, de plástico. Todos esses produtos – cerâmica – usam muita energia para serem produzidos. Hoje, você vai poder sonhar em reduzir à metade esse valor e, portanto, as casas ficarão mais baratas, os automóveis ficarão mais baratos e quatro milhões de empregos podem ser gerados nos próximos anos”.
Fonte: G1.
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