Em plena escalada da violência em Salvador, o governo Jerônimo Rodrigues (PT) consolidou como estratégia principal demonizar ou culpar a oposição para desviar o foco sobre a responsabilidade da gestão estadual na onda de criminalidade que avança na capital e interior da Bahia há mais de uma década. Reservadamente, parlamentares da base aliada que discordam da tática afirmam que vêm sendo orientados de forma sistemática pela articulação política do Palácio de Ondina a atribuir o salto de crimes violentos à ausência de ações por parte de prefeitos das cidades baianas mais populosas, em sua maioria governadas pela oposição, embora segurança pública seja prerrogativa do governo do estado.
Bode na sala
A artimanha, assumida pessoalmente por Jerônimo diante do acirramento da guerra sangrenta entre facções do narcotráfico em Salvador, inclui agora cobrar dos adversários sugestões para conter a criminalidade e acusá-los de se dedicar somente a críticas.
Saída pela esquerda
As manobras para tirar os holofotes da violência sobre o governo petista estão na origem dos últimos confrontos mais duros entre oposição e bancada governista na Assembleia Legislativa. Durante a sessão de ontem, o deputado Robinho (União Brasil) reagiu um tom acima do normal ao discurso em que o líder da base aliada, Rosemberg Pinto (PT), responsabiliza a fome pelo boom da criminalidade. “Agora começam a culpar a fome pela violência. Estão há 17 anos governando, e esse discurso não acaba. Pelas suas palavras, a fome está aumentando, e vocês continuam no governo”, disparou.
Análise combinatória
A bancada oposicionista na Assembleia agendou para semana que vem um encontro com o prefeito Bruno Reis (União Brasil) voltado a avaliar possíveis cenários em torno da próxima disputa pelo controle da Casa e discutir como o grupo vai se posicionar na sucessão. De acordo com deputados da minoria, dois fatores explicam a antecipação do debate sobre a corrida no Legislativo, que só ocorrerá em fevereiro de 2025: a certeza de que o atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), vai desistir do terceiro mandato e de que haverá bate-chapa entre os governistas Rosemberg Pinto e Ivana Bastos (PSD).
Amanhã talvez
Onze dias após o fim do prazo previsto para lançamento dos editais da Lei Paulo Gustavo, segundo em nota enviada ao CORREIO no último dia 20, a Secretaria Estadual da Cultura (Secult) ainda não deu qualquer prazo definitivo de quando vai começar a distribuição dos R$ 148 milhões destinados a fomentar iniciativas do setor sob a alçada do estado. Em material encaminhado quarta-feira passada à imprensa, o chefe da pasta, Bruno Monteiro, garantiu que os editais serão divulgados ainda nesta semana.
Bola trocada
Ao contrário do que foi noticiado na última quinta-feira, o novo chefe de gabinete da Codeba é Leandro Sergio Pontes Gaudenzi, e não Leonardo. Ele assumiu o ponto de número dois da Companhia de Docas da Bahia por indicação da deputada federal Lídice da Mata (PSB).
Por Jairo Costa Jr.