Novos depoimentos e evidências apontam para provas forjadas, inclusive com a compra de testemunhas, no processo de perseguição política patrocinado pela prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), contra a vereadora Débora Régis (PDT), que retomou seu mandato na Câmara Municipal na última quarta-feira (5), após decisão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA).
Vereadora mais votada da história da cidade e à frente nas pesquisas na disputa eleitoral do ano que vem pela prefeitura, Débora foi cassada no final de junho, em ação movida pelo PSB, legenda presidida em Lauro por Manoel Carlucho, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e aliado de Moema. No entanto, informações divulgadas recentemente revelam a falsificação de provas.
O gerente de um posto de gasolina de Lauro relatou que lhe foi oferecida propina para testemunhar contra a vereadora. A oferta foi feita, segundo o funcionário do estabelecimento, por Alex Linhares, filmado chegando ao local em um carro oficial da Câmara, do gabinete do vereador Flor Cruz, também aliado da prefeita. “[Ele] Disse que Moema estava querendo dar o troco, e aí ele falou que, se eu pudesse ajudá-los, teria uma gratificação”, contou o gerente do posto.
Uma das testemunhas do processo, Cátia Badaró admitiu que recebeu R$ 800 para prejudicar a vereadora. “Prejudiquei uma pessoa muito querida, que é Débora Régis. Eles me pagaram R$ 800, que eu estava precisando muito”, disse Cátia.
O pai de outra testemunha fez o seguinte relato, falando sobre o filho: “Ele me falou que foi porque o pessoal deu uma grana a ele. Todo mundo ganhou uma ponta e não foi pouca”.
Todas essas falas, que apontam para a compra de testemunhas, foram publicadas nas redes sociais, com vídeos e áudios que atestam a veracidade do material, pelo vereador Gabriel Bandarra (União), mais conhecido como Tenóbio, também opositor de Moema. “A guerra ainda não acabou. Mas a nossa luta pela real democracia e pela justiça não cessará. Somos todos Débora Régis”, afirmou o vereador, ao denunciar o caso.
Em decisão proferida na última terça (4), o desembargador Abelardo Paulo da Matta Neto, do TRE, afirmou que uma eventual cassação só pode ser sacramentada após o julgamento dos recursos chamados embargos de declaração.
“Impende ressaltar que o recálculo do quociente eleitoral e a possível mudança da destinação de vagas nas eleições proporcionais, de igual modo, podem ocasionar uma instabilidade nas Câmaras Legislativas, gerando eventual insegurança jurídica, vulnerabilidade administrativa e, consequente, descrédito dos Poderes Legislativo e Judiciário”, escreveu o magistrado.
Débora Régis disse, em entrevista recente, que não vai se intimidar. “Moema morre de medo de perder para mim nas urnas, e tenta me tirar do jogo eleitoral com uma denúncia fictícia e falaciosa, formulada com provas forjadas e testemunhas compradas até por vereador da base dela. Mas a prefeita não vai conseguir”, contou.
A prefeita Moema Gramacho negou as acusações. “Eu não tenho nada a ver com isso [a cassação]. Ela é que tem que prestar satisfação à população, sobre por que sonegou informação e não fez a prestação de contas como deveria. Porque todo candidato tem que fazer. Eu fiz a minha, e foi aprovada sem problemas”, declarou Moema. “É mentira [a existência de provas forjadas]. Ela está, mais uma vez, através da mentira, tentando buscar espaço”, acrescentou a prefeita.
Informações Correio