O governador da Bahia, conhecido pela alcunha de ‘Correria’, é excelente propagandista da sua administração, notadamente da educação. No entanto essa imagem de “bom administrador GG” é uma ilusão, pois a educação e a pesquisa científica, para ele, são coisas de pouca importância para o progresso e o desenvolvimento da Bahia, haja vista já se vão nove anos sem reajustar os valores das bolsas que são dadas aos pesquisadores baianos, indo na contra-mão de outros Estados mais pobres como Alagoas, Maranhão e Amazonas que reajustaram suas bolsas em 25%. Para ilustrar, a Bahia paga R$ 1.500,00 a um mestrando e R$ 2.200,00 a um doutorando, enquanto que no Estado do Espírito Santo, onde a FAPES aumentou as bolsas de mestrado para R$ 2.100,00; doutorado R$ 3.050,00 e pós-doutorado para R$5.200,00. Em Pernambuco, a FACEP realizou um reajuste que deixou a bolsa de mestrado no preço de R$2.000,00 e a de doutorado em R$3.000,00.
Caique Sobreira, um dos participantes do movimento pelo reajuste das bolsas de Pesquisa FAPESB, afirma:
“que o que ocorre no Estado da Bahia é um descaso, uma falta de compromisso e de sensibilidade em relação à pasta da Educação por parte dos gestores públicos, e este fato é expresso e refletido no congelamento das bolsas de Pesquisa FAPESB por 9 anos em todos os âmbitos do ensino superior, seja na iniciação científica, no mestrado, no doutorado, no pós-doutorado etc.”
Tal processo que, segundo as informações de Caique, se reproduz, inclusive, na contramão do que vem sendo construído em outros Estados da federação brasileira, a exemplo de Maranhão (FAPEMA), Santa Catarina (FAPESC) e Amazonas (FAPEAM) que aprovaram reajustes ainda no ano de 2021. Essa “onda” permaneceu constante, em 2022, O Estado de Alagoas, por intermédio da FAPEAL. E continua:
“É uma escassez muito grande. Para a maioria das pessoas que participam de seleção para conseguir uma bolsa, aquilo ali é o salário deles… A pessoa que tem um contrato de exclusividade e só pode trabalhar pesquisando. Ou seja: ela não pode buscar um emprego de 44 horas para complementar a renda. Ela tem que trabalhar exclusivamente para o estado ganhando R$ 1.500 e aí fica bem complicado”, explicou Sobreira, em entrevista ao Bahia Notícias.
Procurada pelo site Bahia Notícias, a Fapesb respondeu que tem feito estudos internos para analisar a possibilidade de um reajuste no valor das bolsas de mestrado e doutorado. Entretanto, não houve garantia de alguma mudança.
Como pode um Estado como a Bahia que já foi referência na pesquisa, em áreas como fármacos, agropecuária, petroquímica, hoje sucumbe ao atraso tecnológico.
Após essas denúncias o governador correria – correu, e foi à imprensa (1.5) para dizer que está analisando um reajuste nos valores das bolsas, mas se a lei eleitoral permitir, ou seja, conversa mole para boi dormir.
Não tem como um povo se desenvolver se ele não domina o conhecimento e consequentemente todo o processo de produção de bens e, isso só se consegue com investimentos na educação e na pesquisa científica que vai nos libertar da dependência estrangeira.
Esse é um desafio a ser superado. Mas, não esperemos isso de políticos como Rui Costa, governador da Bahia e de seus aliados que defendem um país de analfabetos, para assim se perpetuarem no poder
Vamos aproveitar o momento político/eleitoral e discutir que Brasil e que Bahia queremos. Devemos investir em pesquisa? em tecnologia? em infra-estrutura? em qualificação profissional? Perguntas que coloco para as senhoras e senhores refletirem e responderem. É o que penso.
*Alberto Argôlo – Professor de história da rede estadual de ensino.