Crítico do presidente Jair Bolsonaro (PL), que impôs sigilo sobre documentos oficiais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou-se da mesma prática. Na quinta-feira 22, a equipe de transição de governo divulgou o relatório final da situação que encontrará ao chegar ao Palácio do Planalto. Contudo, os petistas decidiram impor sigilo à maior parte do material.
Durante sete semanas, os integrantes dos 32 grupos de trabalho participaram de diversas reuniões, coletaram documentos e se disseram escandalizados com a situação do país. Em entrevistas, afirmaram que detalhariam os supostos problemas ao público. Mas os documentos com esses detalhes não serão divulgados pelos petistas.
Segundo o jornal O Globo, um dos integrantes do grupo de transição disse que o clima interno era de “desconfiança”. “Inclusive, sentimos certo assédio moral”, salientou. “Diante do sigilo descabido de questões de interesse público, a sensação é que trabalhávamos para Aloizio Mercadante brilhar.”
O periódico informa que a regra foi estabelecida pelo próprio Mercadante, indicado por Lula para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só os ministros poderão conhecer todo o conteúdo dos relatórios de sua área. Os membros da equipe tiveram de assinar um termo de integridade, comprometendo-se a não vazar nenhum detalhe do que se discutia internamente.
Os petistas tornaram público apenas um resumo do diagnóstico dos grupos de trabalho. “O relatório da turma da transição avisa que o PT segue algemado a fórmulas grisalhas — e insiste em percorrer caminhos que apressam a chegada ao penhasco”, escrevem Augusto Nunes e Branca Nunes, em artigo publicado na Edição 144 da Revista Oeste. “Cinco páginas do documento tentam justificar o estupro do teto de gastos. Outras seis são consumidas no esforço para demonstrar que tudo vai melhorar se os 23 ministérios virarem 37. Um latifúndio de 46 páginas detalha a ‘herança perversa’ debitada na conta de Bolsonaro.”
Revista Oeste