Os principais campeonatos estaduais começam neste fim de semana cercados pelas corriqueiras críticas sobre calendário, nível técnico e importância. Porém, as cotas de televisão e premiações por conquistas fazem os torneios se tornarem mais interessantes para os clubes minimizarem gastos recentes com reforços para a temporada de 2016.
O trio de ferro da capital paulista é o retrato exato da relevância financeira do Campeonato Paulista. Mesmo classificados para a Copa Libertadores, os clubes têm no regional uma fonte de renda mais confiável, ao receberem a cada um R$ 17 milhões por cotas de transmissão. A competição sul-americana no ano passado, por exemplo, distribuiu R$ 15,8 milhões.
O faturamento com o Paulistão pode ainda aumentar em caso de boa campanha, com a premiação de R$ 4 milhões ao campeão e R$ 1,5 milhão ao vice. “No ano do título, em 2012, o Corinthians arrecadou o triplo com TV no Estadual do que na Libertadores”, explicou Pedro Daniel, diretor da área de esportes da consultora BDO e especialista em gestão esportiva.
A vinda do dinheiro da TV chega em momento excelente para compensar os gastos do início de temporada, principalmente por ser um período marcado por contratações recentes de jogadores. Clubes como Flamengo, Palmeiras e Fluminense, por exemplo, gastaram mais de R$ 20 milhões cada com reforços. “Os Estaduais não são produtos tão atrativos para os clubes, mas ainda representam um componente interessante nas finanças”, disse Daniel.
A importância das cotas de transmissão virou o tema central de uma grande disputa política no futebol do Rio, mesmo com valores inferiores aos do Campeonato Paulista. A Federação local (Ferj) disse em arbitral na última semana que os dois clubes do Estado presentes na Primeira Liga, Fluminense e Flamengo, poderiam não receber a verba caso insistissem em disputar a competição recém-criada.
A entidade chegou a falar em distribuir a cota da dupla para os demais participantes, porém até agora isso não se cumpriu. No Estadual, cada um dos quatro grandes recebe R$ 7 milhões pelos direitos de transmissão.
De acordo com o Flamengo, caso a ameaça se cumpra, o estrago seria mínimo, já que a cota corresponde a uma pequena parte do orçamento do clube.
Em premiações, o torneio tem valores parecidos ao do Paulistão. O campeão ganha R$ 4 milhões, enquanto que o vice leva R$ 1,8 milhão. Os semifinalistas embolsam R$ 250 mil. O campeão da Taça Guanabara vai levar R$ 1,2 milhão.
No Rio Grande do Sul, mesmo com menos times grandes em ação, o Estadual paga a Grêmio e Internacional os mesmos R$ 7 milhões de direitos de transmissão entregues aos principais times cariocas. Segundo o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, a quantia é muito importante para os clubes do interior e serve para amenizar também os gastos da dupla Gre-Nal no começo de temporada, mas o repasse pode ter mudanças em breve. “É o nosso último ano de contrato com a TV, que não quis renovar, para esperar o que vai acontecer com a Copa Sul-Minas, se vai ter sucesso. Sempre éramos procurados para antecipar o contrato, agora não mais”, disse.
NOVA LIGA – Apesar de preocupar as federações estaduais, a Copa Sul-Minas-Rio ainda não conseguiu rivalizar com os Estaduais em termos de cotas de TV. A organização do novo campeonato destinou para essa edição de estreia R$ 5 milhões para serem divididos entre os 12 participantes.
Por Ciro Campos
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