As habilidades de leitura e compreensão de texto seguem estagnadas na última década no Brasil, de acordo com os mais recentes dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes 2018 (Pisa, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (3).
Embora numericamente os dados indiquem uma leve melhora em toda a série histórica, que começa nos anos 2000, a avaliação do relatório é que pouco mudou nos últimos dez anos.
Em 2000, a pontuação do Brasil nas habilidades de leitura era de 396 pontos. Em 2009, chegou a 412. Quase dez anos depois, em 2018, a pontuação foi de 413. As notas dos demais países variam de 340 a 555, na média, sendo que 400 pontos indicaria um nível básico de compreensão.
Mapa ilustra as médias em leitura pelo mundo, segundo o Pisa 2018 – Arte/G1
Os dados do Brasil também apontam que os níveis de proficiência no país estão baixos. Em 2018, 50,1% dos estudantes estavam abaixo do nível 2, em uma escala que vai de 1 a 6. Somente 2% dos participantes tiveram as melhores avaliações, de 5 a 6.
Pisa 2018, análise de leitura:
- Brasil está abaixo da média da OCDE em leitura : a média nacional é de 413 pontos, e a da OCDE é de 487
- 50% dos estudantes do Brasil conseguiram atingir ao menos o nível 2 de proficiência em leitura (a escala que vai de 1 a 6). A média da OCDE é 77%. Neste nível, os estudantes sabem identificar a ideia geral de um texto de tamanho moderado, encontram informações explícitas, e refletem sobre a forma e finalidade daquele material
- 2% dos estudantes brasileiros atingiram o nível 5 e 6 de proficiência em leitura. A média da OCDE é de 9%. São estudantes que compreendem textos longos, sabem lidar com conceitos abstratos e contra-intuitivos, e diferenciam fato de opinião
- Meninas têm melhor desempenho em leitura: a avaliação das estudantes foi 26 pontos maior que a dos colegas masculinos, em média, no Brasil. Nos países da OCDE, a diferença é de 29 pontos
A prova é coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e foi aplicada a mais de 600 mil estudantes de 15 anos em 79 países ou regiões diferentes. No Brasil, quem coordena a aplicação do Pisa é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Entenda o que é o Pisa, a avaliação mundial de educação
Leitura no mundo digital
O relatório da OCDE aponta que, no mundo digital, a relação com a leitura é constante. “Os estudantes de 15 anos que prestaram a prova cresceram em um ambiente com rápido avanço tecnológico e dependência de dispositivos digitais”, afirma o documento. É neste cenário que a leitura se apresenta, seja em conversas com colegas pelas redes sociais, seja por meio de pesquisas na internet.
- 89,8% dos estudantes disseram participar de chats de conversas online
- 83,3% declararam fazer pesquisas online sobre temas específicos
- 75,5% leem notícias online, enquanto o jornal impresso foi leitura de 17,9% dos participantes
- 47% dos jovens brasileiros disseram que a leitura é um dos hobbies favoritos
- 24,3% dos estudantes brasileiros dizem que só leem por obrigação
Como é feito o Pisa?
- O Pisa é uma avaliação mundial feita em dezenas de países, com provas de leitura, matemática e ciência, além de educação financeira e um questionário com estudantes, professores, diretores e escolas e pais;
- O resultado é divulgado a cada três anos – a edição mais recente foi aplicada em 2018 com uma amostra de 600 mil estudantes de 15 anos de 80 países diferentes. Juntos, eles representam cerca de 32 milhões de pessoas nessa idade;
- No Brasil, 10.691 alunos de 638 escolas fizeram a prova em 2018. São 2.036.861 de estudantes, o que representa 65% da população brasileira que tinha 15 anos na data do exame;
- O mínimo de escolas exigidas pela OCDE é 150;
- A prova é aplicada em um único dia, é feita em computadores, e tem duas horas de duração. As questões são objetivas e discursivas;
- A cada edição, uma das três disciplinas principais é o foco da avaliação – na edição de 2018, o foco é na leitura;
- O Brasil participou de todas as edições do Pisa desde sua criação, em 2000, mas continua muito abaixo da pontuação de países desenvolvidos e da média de países da OCDE, considerada uma referência na qualidade de educação.
Fonte: Globo.
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