Uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Pastor Sargento Isidório (PDT) foi protocolada em maio de 2016 pela Comissão de Mulheres da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Nove meses depois, o documento não foi sequer discutido pela Mesa Diretora da Casa e ainda perdeu seu relator. O texto estava sob responsabilidade de Adolfo Menezes (PSD), então 1º vice-presidente da AL-BA, que foi sorteado para relatar a representação, já que caberia à Mesa decidir se a situação se enquadraria ou não como quebra de decoro parlamentar: Isidório publicou nas redes sociais um vídeo em que “cheirava” a vagina da própria mãe e a agradecia por não ser “sapatão”. Somente após a análise dos pares é que a representação poderia seguir para o Conselho de Ética, em que o caso seria julgado. Porém, sempre havia uma “pedra no meio do caminho”: primeiro vieram as eleições municipais, depois a falta de quórum nas reuniões da Mesa, até que, seis meses após a representação ser feita, Menezes decidir encaminhar o documento à assessoria jurídica da Casa. Agora, com a saída do social-democrata da Mesa, o documento voltará e será novamente sorteado entre os membros da nova composição. Questionado pelo Bahia Notícias, o agora ex-relator admitiu que há muito mais entre o céu e a Terra – ou entre a “condenação” e a “absolvição” – do que uma simples questão de timing: “Infelizmente, como aqui é uma Casa política, há o corporativismo. Um colega não quer ir contra o outro mesmo discordando”. Ainda assim, Menezes garante que já tinha chegado ao seu voto. “Eu discordo completamente, mas só tenho um voto. Eu até já me manifestei, quando presidi uma sessão, contra alguns termos usados por Isidório. Até porque cada um tem seu ponto de vista, mas não precisa usar termos chulos, até porque acaba prejudicando a imagem da Casa. As pessoas que estão assistindo pela televisão ou ficam sabendo e é ruim para a Casa, ruim para todo mundo. O meu voto seria contra. Não por uma expulsão, que seria uma medida drástica, mas pelo menos uma advertência. Mas como teve que passar no jurídico para formular o voto, em virtude da eleição, solicitaram que deixasse já para a nova legislatura”, explicou. Agora, caberá ao novo relator definir o futuro de Isidório. A não ser que no meio do caminho surja outra pedra.
Por Rebeca Menezes
Discussion about this post