Os tremores de terra já se tornaram rotina para os moradores de Amargosa, no Recôncavo Baiano. Segundo relatos de moradores, a cada oito dias, e às vezes até por dias seguidos, o solo treme na cidade. “Sempre sinto a cama estremecer de madrugada e, de dia, o chão fica vibrando como se tivesse um trator passando na porta”, relata Duceni Ferreira, do distrito de Corta Mão, pertencente ao município.
A situação tem se tornado tão cotidiana, que nem todos os moradores sentiram o tremor de 1,4 de magnitude na Escala Richter do último sábado (1). “O tremor foi detectado pelo laboratório de sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas não foi percebido pelos moradores. Também não aconteceram estragos, como havia acontecido em terremotos anteriores”, disse o prefeito da cidade, Júlio Pinheiro.
Ainda assim, de acordo com o Laboratório Sismológico (LabSis) do Departamento de Geofísica da UFRN, o tremor foi sentido às 05:26 do sábado na localidade do Tabuleiro da Boa Vista, do município de São Miguel das Matas, na divisa com Corta-Mão, em Amargosa. “Não foi com muita intensidade, mas o chão tremeu e fez um barulho como se alguém tivesse dado um chute na parede”, disse a moradora Duceni.
De acordo com o geofísico Eduardo Menezes, o Labsis tem feito o acompanhamento sísmico da região desde setembro do ano passado e, desde então, já foram registrados mais de 600 tremores.
“O Recôncavo Baiano tem um histórico muito antigo de atividade sísmica, só que em frequências de repetições que demoram a serem observados por populares. Na região existem falhas geológicas ativas, que são responsáveis por ocasionarem esses tremores e são registrados pelos sismógrafos que mantemos operando na local”, explicou o cientista.
Por Luana Lisboa