A Acelen vai produzir na Bahia um combustível 80% menos emissor de gás carbônico. Para isso, vai investir R$ 14 bilhões para implantar uma biorrefinaria em Mataripe (São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador). A nova unidade tem previsão de entrar em operação entre 2026 e 2027 e vai produzir mais de um bilhão de litros por ano de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e Diesel Renovável a partir da macaúba, um tipo de palmeira com capacidade de alto potencial energético. As informações foram dadas pelo VP de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da empresa, em palestra no ESG Forum, ontem. Marcelo Lyra participou do painel ‘Integração de Práticas ESG nas Estratégias Corporativas.
“A Acelen é uma empresa que foi criada com o objetivo de ser relevante na transição energética brasileira. O projeto que mais dá significado a isso é o nosso projeto de produção de biocombustíveis que vamos implementar na Bahia. É o projeto que eu costumo dizer que é ESG na veia, integrando desde o cultivo da macaúba até o combustível renovável de última geração”, afirmou.
Na prática, o projeto que já está em fase final de decisão de investimento, envolve 200 hectares de área plantadas com macaúba – 20% dessa extensão vai contemplar produtores de agricultura familiar e o restante em produção de larga escala. A área é equivalente a 280 mil campos de futebol e, além da macaúba, serão cultivadas também outras plantas de alto potencial energético, como o Dendê da Bahia.
“Essa palmeira vai gerar um óleo vegetal que será transformado na biorrefinaria a ser implementada ao lado da refinaria de Mataripe. Além disso, na parte agrícola, há o ganho do impacto significativo no sequestro de carbono. Vamos implementar o projeto na Bahia e em Minas Gerais com alta tecnologia desde a semente. O plano é que, inicialmente, a biorrefinaria processe óleo de soja até a aquisição das terras, e que seja feito também o convênio com os agricultores familiares para produzir a macaúba”, explicou.
A expectativa é que sejam gerados 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos com iniciativa. A região do cultivo da macaúba para o projeto ainda e objeto de estudo, mas Lyra adianta que vão ser priorizadas terras degradadas, por meio de parcerias público-privadas e utilização de agricultura familiar, com captura de 355 ton/ha de CO2.
“Quando a gente fala em ESG, as vezes fica a impressão de que estamos só no conceito, que as iniciativas estão distantes, algo longe de acontecer ou que é só uma ação de marketing. Mas não, estamos falando de uma biorrefinaria de grande dimensão que será construída na Bahia. Estamos exatamente olhando para o futuro e o futuro é a produção de biocombustíveis”, complementa.
A visão de expansão da Acelen não veio apenas de um conceito ou uma promessa de ser sustentável – sobretudo, se tratando de uma empresa que atua no segmento de combustíveis fosseis – mais sim, de uma estratégia que enxergou oportunidades de novos negócios no ESG. Exemplos como este foram compartilhados durante o painel mediado pelo presidente da Saltur (Empresa Salvador Turismo), Isaac Edington. Também participaram do debate o advogado, escritor, consultor especialista em ESG, Augusto Cruz, e a gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) da JMC Pan American Silver, Enilda Maranhão.
“Uma das coisas que são importantes para esse fórum é trazer luz para as iniciativas que têm dado certo. O que as organizações – sejam elas empresas, governos, sociedade civil – estão fazendo? O que importa mesmo é que a gente busque o equilíbrio entre o desenvolvimento dos seus negócios e da sociedade, sem que isso comprometa as gerações futuras”, afirmou Isaac, que compartilhou a experiência da Prefeitura de Salvador no reuso de 1,4 mil metros de lona utilizada no Festival da Virada e no Carnaval de Salvador.
Leia mais aqui.