Será a melhor das Copas, será a pior das Copas. Sobre o gramado, nas arquibancadas dos estádios e na tela da TV, o Mundial de 2014 tem tudo para ficar guardado na memória do torcedor como uma competição extraordinária. Com seleções fortíssimas, grandes craques e um ambiente único – afinal, acontecerá num país que é praticamente sinônimo de Copa –, esta poderá ser a edição mais interessante e emocionante desde que o torneio surgiu, em 1930. Do lado de fora das caríssimas arenas erguidas para o torneio, porém, a frustrante realidade do país-sede contrasta de maneira dramática com a qualidade do evento. Apesar da ofensiva do Planalto para vender o torneio como o catalisador de uma notável revolução na infraestrutura do país, a imagem da Copa do Mundo entre os brasileiros ainda é ruim. E no exterior não é muito melhor: se pretendia mostrar ao resto do mundo um país em rápida evolução, o governo fracassou, já que o noticiário ligado ao Mundial é assustadoramente negativo. A exatamente um mês do pontapé inicial, em 12 de junho, em São Paulo, no jogo Brasil x Croácia, a seleção está firme na briga pelo título, mas o Brasil, como nação, já perdeu a Copa. Antes mesmo de seu início, a festa está manchada pela decepção da população, que viu seus piores temores confirmados nas obras ligadas ao evento – gasto excessivo de verba pública, planejamento falho, prioridades equivocadas –, e pela propagação, mundo afora, dos mais incômodos clichês sobre o país: o banditismo, a bagunça, o improviso e a instabilidade. Fonte: Veja