Frances Bean Cobain, a única filha de Kurt Cobain, deu rara entrevista à revista Rolling Stone nesta semana e, aos 22 anos, decidiu falar sobre a morte do pai – que se suicidou aos 27 anos em 1994, quando a filha não tinha nem dois anos – e a música dele: “eu não gosto tanto do Nirvana assim”, disse.
A artista visual aceitou falar sobre o assunto agora porque está lançando a primeira biografia autorizada de Kurt, o documentário da HBO Kurt Cobain: Montagem of Heck , do qual é produtora executiva e que foi dirigido e escrito por Brett Morgen.
O suicídio de Kurt
A jovem, que já trabalhou como estagiária na revista americana e tinha que lidar diariamente com a imagem do rosto de Kurt pintada na parede da sala em que ficava sua mesa, falou sobre o suicídio do pai. “Kurt chegou ao ponto em que teve que sacrificar cada pedaço dele por sua arte porque o mundo exigiu isso. Mas, para mim, a grande questão é porque ele não queria estar aqui e porque achava que todos ficariam mais felizes sem ele. Na verdade, se ele tivesse sobrevivido, eu teria tido um pai e seria uma experiência incrível”, disse.
O documentário
Frances declarou que idealizou o documentário e que trabalhou com Morgen para que ele retratasse a vida do pai “sem a mitologia e romantismo em volta de Kurt”. “Apesar dele ter morrido da pior maneira possível, sempre tem esse romantismo ao redor porque ele vai ter 27 anos para semrpe. Ele é um ícone porque nunca envelhece, vai ser sempre relevante e bonito”.
E continua: “meu pai era excepcionalmente ambicioso, mas ele tinha muita coisa sobre ele sufocando sua ambição. Ele queria que sua banda tivesse sucesso, mas não queria ser a porra da voz de uma geração”, desabafa.
O Nirvana
Apesar de ter dito que não gostava muito do Nirvana e que prefere bandas como Mercury Rev, Oasis e Brian Jonestown Massacre, Frances comentou que algumas canções são tocantes porque, de certa forma, mostram a percepção que Kurt tinha dele mesmo. ” Territorial Pissings , do disco Nevermind , é uma música muito boa. E Dumb , de In Utero , me faz chorar em todas as vezes que a escuto”.
E, segundo ela, a razão para não gostar da música que o pai fez pode ser o fato de o mundo tê-lo santificado após sua morte. “Seria estranho se eu gostasse porque mesmo que escutasse no rádio, ele seria só meu pai e, para mim, ele é maior que isso. Sem falar que nossa cultura é obcecada com músicos mortos, que acabam sendo colocados em pedestais. Ele não era apenas mais um cara que abandonou a família, ele era o Santo Kurt e isso fez dele ainda maior após sua morte”.
O pai
Frances comentou também sobre o poder da genética e de como é parecida com o pai apesar de mal ter convivido com ele. “Tenho o mesmo tom de voz dele apesar de nem falar quando ele ainda estava vivo”. Ela contou que nas raras ocasiões em que Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear, os ex-membros do Nirvana, se juntaram para visitá-la, era estranho observar como eles pareciam “estar olhando para um fantasma”. “Dave disse que eu era muito igual a ele e que eu fazia exatamente o que ele estaria fazendo”.
Fonte: Terra.
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