O lugar é o mesmo, a tradição cultural e artística também e, certamente, a boemia vai continuar. Mas, a partir de março do ano que vem, o bairro do Rio Vermelho deve começar a ficar com um visual um tanto diferente.
Quase um ano após a previsão inicial de quando seria dada a ordem de serviço (em fevereiro deste ano), a licitação para a reforma da orla do bairro foi publicada na quinta-feira (4) no Diário Oficial do Município.
Pelo edital, a empresa vencedora será escolhida no dia 14 de janeiro de 2015 e, de acordo com estimativas da Fundação Mário Leal Ferreira, as intervenções começam no início de março.
Por ser um projeto grande – o valor total está estimado em R$ 70 milhões, com recursos municipais – as obras devem ser divididas em três etapas. A primeira compreende o trecho entre o Largo de Santana (Dinha) e o Largo da Mariquita (Cira), enquanto a segunda vai da Praia da Paciência até o Largo de Santana e a última, do Largo da Mariquita ao Quartel de Amaralina.
Ao todo, são 2,3 quilômetros de extensão e uma área total de 141 mil m². O prazo para que as intervenções sejam concluídas é de 28 meses, segundo a presidente da fundação, Tânia Scofield. Ou seja: o obra deve ser concluída até julho de 2017.
“A Sucop (Superintendência de Conservação e Obras Públicas) tem definido que a primeira etapa tem que ser concluída em outubro de 2016. Mas não é necessário terminar a primeira etapa para começarmos a segunda e a terceira”, explicou Tânia, que não soube dizer a previsão de início das etapas seguintes. Segundo ela, a preocupação que se deve ter é fazer “um planejamento para trazer o mínimo de prejuízo a moradores, comerciantes e todos que usam a área”.
Revisão
O atraso, de acordo com ela, foi devido à necessidade de fechar projetos complementares, como a drenagem e a substituição da rede de esgoto. Os custos do projeto também mais do que dobraram: no ano passado, falava-se numa quantia entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões.
“Antes, tínhamos apenas o projeto urbanístico. Depois, decidimos trabalhar com o enterramento de toda a rede e isso tem um custo altíssimo, que não estava previsto. Só o orçamento da Coelba foi de R$ 24 milhões”, citou.
Mesmo assim, ainda que a paisagem mude, a proposta do projeto é que toda a tradição do Rio Vermelho continue lá. “Queremos valorizar o caráter bucólico e boêmio do bairro, que também é artístico e tem uma história. Diria que o ponto forte do projeto é esse, porque é um espaço onde tem restaurantes, bares, comércio, baianas, mesas ao ar livre e é um bairro residencial muito tradicional”, continuou.
E quem gostou da nova Barra deve gostar do novo Rio Vermelho, segundo o diretor de projetos estratégicos da Secretaria Municipal da Casa Civil, Paulo Hermida.
“É uma realidade diferente, mas também é um projeto para fortalecer o convívio das pessoas. No Rio Vermelho, temos áreas com circulação de pessoas, mesmo à noite. Por isso, teremos o piso compartilhado também, como na Barra”.
O espaço compartilhado, que coloca pedestres, automóveis e bicicletas para conviver no mesmo lugar, ficará entre os dois largos do bairro, segundo Tânia Scofield. Ainda assim, não se engane: o cartão-postal final vai ser diferente do resultado da Barra.
“Não é a mesma coisa. Na Barra, existe restrição de veículos, com áreas só para moradores. No Rio Vermelho, todos os carros vão poder passar, mesmo que não sejam de residentes. É totalmente aberto”, explicou Tânia.
Mas, para isso, a velocidade, que hoje chega a 50 km/h, deve ser reduzida. Isso ainda não foi definido, mas, na Barra, a velocidade nos locais onde há piso compartilhado fica entre 20 km/h e 30 km/h.
Novas praças
A estrutura das ruas não deve mudar. No entanto, as vias vão ganhar passeios mais largos, ciclovias em toda a extensão da reforma, melhoria da iluminação e intervenções de paisagismo. Também haverá rampas de acessibilidade para a praia e lixeiras subterrâneas como as da Barra.
Pelo menos dois quiosques serão instalados – um ao lado da quadra de esportes e outro numa praça que será construída no largo entre as ruas Odilon Santos e Oswaldo Cruz (Praça Brigadeiro Faria Rocha, antigo final de linha do bairro, onde hoje fica a Companhia da Pizza).
Ali, será feita a única grande intervenção no trânsito. Os largos de Santana e da Mariquita ganham um piso diferente, com desenhos misturando piso intertravado, cimento e concreto.
“Temos áreas de contemplação, as baianas estão garantidas em seus pontos e vamos valorizar o entorno da igreja, em Santana”, contou Tânia Scofield. A área da colônia de pescadores e da Casa de Iemanjá será revitalizada.
Outra praça será criada na área verde em frente ao quartel. “Será um espaço para famílias e crianças”, diz.
Participação
Desde o ano passado, os moradores participam de discussões com a prefeitura sobre a renovação do bairro. “Tratavam o bairro como se fosse uma ponte entre Ondina e Amaralina, mas agora vamos ter uma orla tão bonita quanto a Barra, ou ainda mais”, disse o presidente da Associação de Moradores do Rio Vermelho, Lauro Matta.
Mesmo que as novidades interfiram na rotina, o diretor da Central de Entidades do Rio Vermelho, Ubaldo Porto, é favorável às mudanças. “A gente tem que privilegiar o pedestre. Estamos torcendo para que seja realizado o mais rápido possível”, declarou.
Fonte: Correio.
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