Eu e todos os jornalistas que lidam com política e que são obrigados a transitar nos bastidores desta arte recebemos a informação, vinda na forma de boato, de que, na sexta-feira, uma acusação muito grave será levada ao ar contra o candidato tucano Aécio Neves. Qual acusação? Ninguém diz. Trata-se de terrorismo da pior espécie.
“Ah, mas será verdade ou mentira?” Que diferença faz? Desde quando terroristas ligam para isso? Não estão preocupados com essa bobagem. É que eles têm uma causa, não é? E, em nome dela, tudo é justificável. Vocês acham que aqueles celerados do Estado Islâmico, por exemplo, se ocupam de saber da justeza dos seus atos? Ou as pessoas estão com eles ou estão contra eles. É simples assim.
Essa máquina que está ativa no Brasil lava e suja reputações com a mesma sem-cerimônia. Se antigos inimigos se ajoelharem e reconhecerem o poder supremo do PT, prestando-lhe vassalagem, então passam a ser considerados homens de primeira linha. Não só recebem o certificado de pessoas honradas como podem ser sócios do poder, gozando de suas benesses. Perguntem a José Sarney, por exemplo, se ele, alguma vez, foi incomodado pelos “companheiros”. Nunca! Ao contrário: ele se tornou um sócio privilegiado no poder e, na sua capitania, continuou a ser rei.
Mas ai daquele, de dentro ou de fora do partido, que ouse desafiar o Supremo Mandatário. Aí, meus caros, vale literalmente tudo. Não! Eles não estão preparados para deixar o poder. Pior do que isso: se o eleitorado demonstra disposição de apeá-los do trono — o que é normal na democracia, que se caracteriza, entre outros atributos, pela alternância de poder —, então eles gritam: “Sabotagem! Golpe! Crime!”. E se organizam para o vale-tudo.
Sabem por que um terrorista nunca se arrepende dos atos mais detestáveis? Porque ele se considera uma vítima e acha que está apenas reagindo. Não é assim com todos os celerados do já citado Estado Islâmico? Eles não dizem abertamente que estão apenas respondendo a supostas agressões dos países ocidentais? Quando cortam uma cabeça, eles pretendem fazê-lo na condição de ofendidos.
Assim estão agindo alguns terroristas eleitorais no Brasil. Eles consideram ilegítimo que seu adversário vença a eleição e acham que isso só será possível com um… golpe. Infelizmente, até a presidente Dilma — também candidata Dilma — empregou essa palavra. Se vem ou não a tal “bomba”, não sei. O simples fato de o boato circular nos bastidores já é um troço asqueroso. Em si, já se trata de ação terrorista.
Independentemente de afinidades eletivas e de escolhas, espero que as pessoas responsáveis saibam repelir esse tipo de comportamento. E, claro!, é importante que a campanha de Aécio esteja preparada para golpes muito abaixo da linha da cintura. Que os eleitores sejam advertidos, se for o caso, para o risco de atentados terroristas, como fazem os governos diante da iminência de um ataque. Nunca vi nada parecido. Nunca vi tanto ódio sendo destilado. Nunca vi tanta gente desesperada com a possibilidade de perder uma boquinha. Sim, meus caros, algo bem mais sonante do que valores ideológicos move os terroristas.
Confrontos políticos os mais duros fazem parte do jogo; o terrorismo não!
O desespero, reitero, é inédito. Talvez haja um quê de ideologia… Mas o que apavora mesmo é o medo de perder a boquinha, não é mesmo? Vai que essa gente seja obrigada a trabalhar… Se forem obrigados a fazê-lo, ainda acabam criando um partido de trabalhadores!
Por Reinaldo Azevedo/VEJA
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