A desconfiança sobre elas sempre existiram. Pelo universo de pessoas que são ouvidas, a maioria não acredita na eficácia e até na seriedade de levantamento, principalmente quando dizem respeito às eleições, e alguns resultados aumentam a incerteza da cientificidade das pesquisas eleitorais.
O pleito do último domingo fez crescer a dúvida sobre se os estudos são sérios, retratam a realidade ou atendem a interesses de quem contratou para manipular a verdadeira pesquisa que é o “voto do eleitor na urna eletrônica”, equipamento muito difícil ser violado ou invadido, pois sequer tem contato com a rede mundial de computadores.
Durante algum tempo, após a morte de Eduardo Campos, Marina Silva esteve à frente de Aécio Neves, em determinado estudo, por 15 pontos percentuais. Na semana da eleição, o tucano passou a pessebista em 3 ou 4 pontos percentuais. Mas, no dia 5 depois de apurados os votos, a diferença de Aécio para Marina foi gritante sob todos os aspectos – 12 pontos percentuais, ou quase 13 milhões de votos –, levando a ficarem atônitos os analistas que trabalham com os números dos diversos institutos, muitos dos quais precisam manter a credibilidade, pois é a atividade principal.
Na Bahia, nenhuma empresa de pesquisa diagnosticou com antecedência mesmo na semana anterior ao pleito, que o petista Rui Costa seria eleito no primeiro turno com 20 pontos percentuais à frente de Paulo Souto que durante toda a campanha ficou entre 15 a 20 pontos acima do candidato do governador Wagner.
O que vimos foi Rui, que diminuiu a diferença segundo um dos institutos, e até ultrapassou em 4 a 5 pontos percentuais, ser eleito com 55% dos votos válidos contra 38% do candidato do DEM. A margem foi abissal, não imaginada e muito menos apresentada pelos pesquisadores.
Ainda na Bahia, outro grave erro. Otto Alencar atingiu 56% dos votos para o Senado. Durante toda a campanha, havia empate técnico com Geddel, do PMDB, que teve 21 pontos percentuais a menos.
No Rio de Janeiro, Antony Garotinho chegou a liderar, sempre esteve com vantagem em relação a Marcelo Crivella, mas foi o bispo evangélico quem chegou ao segundo turno ao lado do governador Luiz Pesão.
No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro liderou os levantamentos durante toda a campanha. Era certo ser o primeiro e disputar o segundo turno, se houvesse, com mais votos do que quem fosse com ele. Mais uma vez, ledo engano. O peemedebista José Ivo Sartori, que nem sempre estava em segundo lugar, além de ficar em primeiro, teve 8 pontos percentuais a mais que Genro.
Agora é hora de reflexão para IBOPE, Datalfolha, Census e MDA, além dos outros regionais.
Onde está o erro? A metodologia está ultrapassada? Houve manipulação – não somente dos institutos –, mas também dos pesquisadores de rua?
A pesquisa retrata somente aquele momento do questionário apresentado e um ou dois dias depois perde o objeto?
Todas essas questões precisam sem rapidamente respondidas pelos institutos.
É o trabalho deles. Vivem, arrecadam e devem ser manter no mercado com o respaldo do trabalho que executam. Não podem errar nessa envergadura.
Além das fragorosas derrotas dos candidatos a presidente e governador que ficaram na primeira etapa, dos que não chegaram ao Senado, à Câmara Federal ou às Assembleias, o maior vencido foi a ciência, se é que houve, dos pesquisadores, que andam falando sem explicar o por quê tanta diferença.
Seria o caso, inclusive, de investigação da PF, do MP e de, quem sabe, CPI ou CPMI? O eleitor não pode ser tão enganado ou manipulado, além do que já sofre com a política brasileira. Ou parem as pesquisas eleitorais.
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