A vitória de Andrade Gutierrez e Novonor (antigamente conhecida como Odebrecht) na licitação para obras na refinaria Abreu e Lima (Rnest) traz à tona memórias do escândalo da Operação Lava Jato, que expôs a mais profundas raízes de corrupção no país. Essas construtoras, envolvidas em um dos maiores escândalos de corrupção brasileiro, agora preparam-se para dar início à complementação da mesma refinaria que, ironicamente, serviu de cenário para as investigações que as colocaram em xeque. A Petrobras, central nesse enredo, permaneceu em silêncio diante dos questionamentos sobre essa decisão.
Após anos de ostracismo e dificuldades financeiras — a Odebrecht teve que buscar proteção judicial contra falência e a Andrade Gutierrez se submeteu a uma ampla reestruturação —, o retorno dessas empresas ao círculo de grandes obras indica não apenas uma resiliência questionável mas também um deboche à memória coletiva da nação sobre justiça e ética nos negócios. A Consag, afiliada da Andrade Gutierrez, e a Tenenge, da Novonor, agora vão administrar lotes que somam mais de R$ 11,9 bilhões em investimentos.
É preocupante que empresas com históricos tão carregados de irregularidades voltem a participar de projetos de magnitude nacional, especialmente quando tais projetos são para a expansão da refinaria que foi palco no auge da corrupção no país.
Enquanto a refinaria atualmente contribui com uma fração significativa da capacidade de refino e produção de S10 da Petrobras, sua expansão, sob o amparo de empresas historicamente vinculadas a práticas corruptas, suscita preocupações sobre os ciclos de impunidade e a possibilidade de reforma verdadeira dentro do setor de construção e além.
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