Manifestação inter-religiosa e responsável por reunir milhares de fiéis na escadaria da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, em Salvador, a Lavagem do Bonfim, que acontece nesta quinta-feira (11), é uma tradição centenária e símbolo do sincretismo religioso na Bahia.
Da caminhada de mais de 6 quilômetros da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia até a lavagem dos degraus em si da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, o cortejo histórico é constituído por baianas com trajes típicos e seus vasos com água de cheiro, fiéis católicos, devotos e turistas. A segunda quinta-feira de janeiro é, para os católicos, um dia de celebração, mas para os adeptos de religiões de matriz africana é neste dia que se celebra Oxalá.
Celebrado há mais de 200 anos, as homenagens ao Senhor do Bonfim tem ligação direta com a fé do português Theodósio Rodrigues de Faria, que era capitão de um navio e traficante de escravos.
Como forma de se proteger dos perigos do mar entre a Europa e a América, Theodósio prometeu que iria trazer uma imagem de Senhor do Bonfim para Salvador e que construiria uma igreja para cultuar esse santo, do qual era devoto.
Em 1745, ele trouxe a imagem para a capital baiana e ela ficou guardada a Igreja Nossa Senhora da Penha, também na região da Cidade Baixa, até 1754. Foi neste ano que a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim ficou pronta e a festa começou com a procissão, para a transferência da imagem.
Lavagem das escadarias
A tradição da lavagem das escadas em si permanece um mistério para a História. Não indícios precisos do porque a escadaria da igreja passou a ser lavada, mas há vertentes que afirmam que o processo começou com um grupo religioso que era devoto de Senhor do Bonfim e ordenava que os escravos limpassem o local para a festa.