Considerado “o mais procurado da Bahia”, o traficante Denivaldo Rocha Santos, conhecido como ‘Mancha’, era temido tanto na região do Arenoso, que abrigava seus rivais, como no bairro de Tancredo Neves, onde mantinha o domínio do tráfico de drogas.
O medo do homem, apontado como ‘chefão’, não acontecia à toa. Mancha, conforme o delegado Odair Carneiro, do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), era “filho” do bairro do Arenoso. Lá, ele cresceu e conheceu as ruas, becos, casas e, claro, a criminalidade.
Foi no Arenoso que Denivaldo entrou para o tráfico de drogas, passando a tomar conhecimento dos locais onde traficantes moravam, os esconderijos do forte armamento da facção local e os esquemas dos criminosos que dominavam a região.
Com tanto conhecimento, Mancha logo teve o desejo de se tornar um dos chefes do tráfico de drogas na região. Sem sucesso no Arenoso, saiu do grupo criminoso, fugiu da localidade e passou a viver em Tancredo Neves, bairro dominado pela facção rival, onde conseguiu tomar o poder, passando a ser temido pelos seus ex-comparsas.
“Ele conhecia as ruas, saídas, sabia onde morava seus rivais, ele que puxava o bonde com 30, 40 homens armados, e eles eram cruéis quando pegavam as vítimas”, declarou o delegado.
Mancha atuava no crime há, pelo menos, 10 anos, traficando e roubando bancos no interior do estado e na capital baiana. Ele chegou até mesmo a participar de uma tentativa de roubo a carro-forte em Salvador. De 2021 até este ano, o traficante, já dominando Tancredo Neves, chegou a ir à Inglaterra duas vezes para ostentar o dinheiro que conseguia através do tráfico de drogas.
Dezenas de homicídios cruéis também faziam parte do seu ‘currículo’. Mancha tinha a constante prática de matar seus rivais por meio da decapitação, assim como fez com um desafeto conhecido como ‘Panela’, apontado como traficante do Arenoso, que foi decapitado com um facão enferrujado enquanto ainda estava vivo.
“Ele cortou a cabeça de ‘Panela’ e do indivíduo que estava junto com ‘Panela’, fez a filmagem e enviou para os grupos do bairro. Nesse mesmo dia ele conseguiu atingir mais cinco pessoas, elas foram hospitalizadas e, graças a Deus, sobreviveram”, conta Carneiro.
Entre os crimes mais marcantes comandados por Mancha está a morte da advogada Saadya Rosemberg, assassinada na segunda-feira de Carnaval deste ano, enquanto voltava para casa com o marido. Outro crime cruel foi o ataque ocorrido no bairro de Tancredo Neves, que acabou com sete adultos e três crianças baleadas.
Mancha também é apontado como o responsável por assassinar a amante e esconder o corpo no bairro do Arenoso. Até esta quinta-feira (27), não há notícias sobre o corpo da jovem.
Mancha foi morto na manhã desta quinta-feira (27) durante um confronto com agentes policiais no bairro Pero Vaz, em Salvador.