As pistas mais famosas do automobilismo brasileiro podem, em breve, ser cruzadas por uma jovem promessa baiana. Aos 18 anos, Diogo Moscato vem se destacando no esporte, com ótimos resultados nos últimos anos. Um desempenho tão bom que rendeu ao jovem um teste no Stock Series, a categoria de acesso à Stock Car.
A experiência aconteceu no dia 24 de outubro, quando o baiano pilotou o veículo da W2 Racing no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia. “Achei o teste bom, a equipe ficou feliz. E o carro é da hora, andou bem”, comemorou. Além dele, outros 10 novatos participaram dos testes, seja pela W2 Racing ou pela Motortech.
“Estamos visando o ano que vem, começando os preparativos para saber qual será o destino na próxima temporada”.
Enquanto planeja voos mais altos, o piloto tem uma disputa emocionante pela frente nos próximos meses. Ele é o vice-líder da 11ª temporada da Dignity Gold GT Sprint Race, no Overall da categoria Proam. São 299 pontos somados até aqui, apenas 11 de distância do primeiro colocado, Arthur Gama.
Não para por aí. Há um “minitorneio” dentro do campeonato, chamado Special Edition, que engloba três eventos. E Diogo é o líder de sua categoria, com 141 pontos – 32 pontos à frente de Gama, o segundo colocado.
Há ainda mais duas etapas da competição a serem disputadas, de nove no total. No próximo domingo (6), a cidade de Goiânia recebe o encerramento do Special Edition. Já no dia 10 de dezembro, a GT Sprint Race finaliza sua temporada 2022, em Londrina, no Paraná.
Treinos e estudo
Os treinos com os carros da GT Sprint Race só acontecem nos fins de semana das respectivas corridas. Já nos outros dias, Diogo tem obrigações com a sala de aula: como outros jovens de sua idade, ele cursa o terceiro ano do ensino médio.
“Da para conciliar, pelo menos esse ano. Eu quero focar na minha carreira no automobilismo, mas é sempre bom ter uma alternativa. Meu plano é fazer vestibular para fora do Brasil, para o curso de Engenharia Mecânica nos Estados Unidos”, afirmou.
A rotina também inclui treinos frequentes na academia. Além disso, Diogo também pilota kart, ao menos uma vez por semana, no Kartódromo Ayrton Senna, em Lauro de Freitas, “para manter o físico”.
Foi no kart, inclusive, que o piloto deu suas primeiras voltas. Um tio dele, André, era fã de automobilismo e gostava de assistir corridas na televisão. Diogo começou a se interessar pelo esporte e foi levado pelo pai, Antônio, para andar de kart. Tinha apenas 5 anos. Era tudo uma diversão, em um hobby que durou até os 7.
A coisa mudou quando Diogo fez 13 anos: ele voltou ao kart, já com o plano de competir. Uma missão que preocupava sua mãe, Railmara, que tinha medo de acidentes. Mas ela cedeu, e a carreira oficialmente começava ali.
Em 2019, o piloto foi campeão baiano na categoria F4 Light. E, apesar de um 2020 impactado pela covid-19, Diogo chegou aos pódios do Campeonato Baiano de Kart e da Copa São Paulo Light de Kart, ambos em terceiro lugar. No ano seguinte, terminou o estadual em terceiro, e conseguiu o segundo lugar na final do Campeonato de F1600, nas categorias geral e light.
A estreia na GT Sprint Race aconteceu este ano. E, logo na prova inaugural, Diogo precisou fazer uma corrida de recuperação, depois de largar em último. Mas deu certo: terminou no pódio com o segundo lugar.
Para as próximas temporadas, o plano é alcançar a Stock Car. Mas as metas não param por aí. O grande sonho do piloto é disputar as 24 Horas de Le Mans. “Eu gosto de corridas longas, de resistência. Ainda não tive essa experiência, mas é onde quero chegar”, conta.
Uma das mais tradicionais provas automobilísticas do mundo, as 24 Horas de Le Mans são disputadas anualmente desde 1923, no Circuit de la Sarthe, na França. Assim como o próprio nome sugere, a corrida tem duração de 24 horas – e, para isso, três pilotos se revezam no volante.
Nunca um brasileiro venceu a categoria geral. Quatro pilotos nacionais bateram na trave e ficaram em segundo: José Carlos Pace (1973); Raul Boesel (1991); Lucas di Grassi (2014) e Bruno Senna (2020).
Por Giuliana Mancini/Correio