Um relatório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí apontou que mais de mil mortos estão cadastrados em um programa de alfabetização tocado pelo governo estadual nas gestões de Wellington Dias (PT) e sua sucessora, Regina Sousa (PT).
Além disso, a auditoria aponta que, entre os matriculados, havia havia mais de 5 500 funcionários públicos — que, pela natureza da função, que exige concurso, devem saber ler e escrever — e mais de mil jovens de até 18 anos, que não poderiam estar inscritos em um programa cujo foco é o público adulto.
O programa custa cerca de R$342 milhões. Segundo o TCE, foram admitidos alunos e instituições que não deveriam serem contemplados pela iniciativa lançada em julho de 2021.
Batizado de Proaja, o projeto visa alfabetizar 200 000 pessoas através de convênios com instituições privadas. O número corresponde à metade dos adultos analfabetos do Piauí, estado onde 16% da população adulta não sabe ler nem escrever.
Das 39 empresas contratadas para tocar o projeto, 12 não têm funcionários e cinco não tiveram sua sede encontrada pelos auditores e pelo menos uma dezena não possui capacidade operativa educacional, segundo o relatório. O TCE também classificou como ineficiente o monitoramento da FGV, contratada pela Secretaria da Educação para acompanhar o programa.
Ainda há acusação de superfaturamento porque cada alfabetizado recebe R$440 como incentivo e auxílio para materiais, e cada empresa recebe R$1310 por estudante.
Em nota, o ex-governador Wellington Dias afirmou que, de um total de 342.000 que fizeram inscrições no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (acima de 15 anos sem saber ler e / ou escrever ), apenas 170.000 já foram acatados, passando pela triagem entre FGV/ SEDUC.
“É o maior programa de alfabetização do Brasil, com recursos do Estado e voltado para alfabetizar e dar a oportunidade de aprender a ler e escrever. E após a alfabetização são inscritos em 2 outros programas, Programa de Educação Para Jovens e Adultos, onde pode ter a oportunidade de prosseguir estudando, fazer curso técnico e chegar até a universidade, pois no Piauí tem presença de educação técnica e superior pública em 224 municípios, todos os municípios”, declarou.
Ele ainda garantiu que ‘não tem chance de defunto estudar’, exceto ‘na cabeça de gente do mal’.
“Pessoas como a dona Teresa Martins, que se alfabetizou aos 100 anos, e em sua carta escreveu: ‘eu era cega e não sabia. Eu passei a enxergar pelas letras, na alfabetização.’ Temos é que agradecer a cada professor e professora que se dedicam para reparar o descaso do passado com estas pessoas, assim como já fizemos no Piauí com a alfabetização de aproximadamente 800.000 pessoas”.