Convocado para detalhar sua acusação de pedido de propina do ex-diretor da Logística do Ministério da Saúde, o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti Pereira acabou por oferecer outra bomba: ele revelou que o deputado Luiz Miranda (DEM-DF) quis intermediar a compra de vacinas pelo Brasil.
Para provar o que dizia, Pereira apresentou uma gravação em áudio do próprio parlamentar insistindo ter condições de garantir o negócio. A revelação meteu em saia justa os senadores oposicionistas, que transformou o depoimento dos irmãos Miranda em esperança de acusar o governo.
Quando perceberam que a principal testemunha da CPI não era exatamente um paladino da moralidade, alguns senadores tentaram “melar” o depoimento. Foram os casos de Omar Aziz e Renan Calheiros, presidente e relator, que passaram a atacar o depoente, ameaçando-o até de prisão e levantando a suspeita de que ele foi “plantado” pelo governo. Na verdade, Pereira citou o deputado quando foi indagado se tinha conhecimento de algum parlamentar envolvido nas tentativas de compra e venda de vacina.
“O Cristiano [representante da Davati no Brasil] me relatava que volta e meia tinha parlamentares procurando, e o que mais incomodava era o Luis Miranda, o mais insistente com a compra e o valor de vacinas. O Cristiano me enviou um áudio onde pede que seja feita uma live, o nome dele, que tinha um cliente recorrente, que comprava pouco, em menos quantidade, mas que poderia conseguir colocar vacina para rodar”.
Ele reafirmou haver recebido pedido de propina do então diretor Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, por um contrato para compra de vacina da AstraZeneca. Dias foi exonerado na terça-feira. Informações do Diário do Poder.