Após cinco anos de crise, a retomada do setor de óleo e gás no Brasil já começou a gerar demanda por profissionais qualificados de níveis técnico e superior. A expectativa, segundo um estudo da Firjan, é que sejam criados 4.500 novos postos de trabalho no estado do Rio no próximo ano, apenas na área de exploração e produção (E&P).
Já uma projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) aponta que a atividade petrolífera nos estados produtores pode dobrar o volume de postos de trabalho em 2022, nas atividades de exploração, produção e perfuração.
A notícia é boa para quem busca se recolocar no mercado ou até mesmo ingressar nesse segmento, mas é preciso investir em qualificação, segundo Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan:
— Tivemos sinais fortes de recuperação desse setor em 2019 e a expectativa é que em 2020 esses sinais se fortaleçam. Temos percebido uma elevação na demanda por funcionários, mas ainda não estamos naquele momento ótimo, com mais vagas do que pessoas para empregar. Há um contingente grande de pessoas que estão fora do mercado, e os requisitos são muito elevados.
O alto grau de exigência das empresas tem como contrapartida os maiores salários do país. De acordo com o IBP, as remunerações no mercado de óleo e gás são em média seis vezes maiores que em outras atividades industriais.
— O setor paga os maiores salários porque envolve atividades de alto risco, o que requer que o profissional seja muito bem capacitado. Os profissionais precisam manter suas certificações atualizadas — explica Karine.
Esse foi um dos fatores que levaram Maquicilane de Jesus Santos, de 26 anos, a procurar capacitação no setor. Desempregado há nove meses, ele utilizou parte da rescisão para investir em seis cursos na Firjan/Senai. Entre eles, de mergulho raso profissional, e corte e solda subaquática.
— Há sete anos venho estudando sobre essa área, e este ano decidi começar a me qualificar. Dizem que ano que vem o mercado deve voltar a aquecer, e quero estar preparado para as oportunidades — conta.
Para cada novo posto de trabalho direto no mercado de petróleo, são criadas oito oportunidades no chamado efeito multiplicador, explica Karine. Isso significa que com a recuperação do segmento no Rio, a expectativa é que também haja novas vagas abertas em empresas de logística, confecção, comércio, hotelaria, entre outras.
— O mercado de petróleo e gás demanda tudo de todo mundo — diz.
Gerente de Educação Profissional da Firjan/Senai, Edson Melo conta que, em função dessa característica, o segmento também aproveita profissionais formados em cursos de outras áreas, como administração ou mecânica, por exemplo, além dos cursos específicos do setor.
— Além disso, as empresas têm buscado cada vez mais profissionais que não sejam apenas técnicos, mas que tenham as competências comportamentais necessárias, como saber trabalhar em equipe e ter criatividade e espírito inovador. É por isso que nossos cursos também buscam desenvolver essas habilidades — afirma.
Segundo Jamile Couto, consultora de RH da Petra Group, nesse momento de aquecimento, as primeiras áreas a se movimentarem são no segmento de desenvolvimento de negócios.
— Esses profissionais precisam ter um perfil inovador, para que se destaquem no mercado. Depois, começa a parte de projetos. A área operacional normalmente é a última a ter movimentação. Saber falar inglês atualmente é o grande diferencial, porque a maioria das empresas é multinacional — avalia Jamile, que cita entre os setores que já estão com oportunidades abertas, as áreas tributária, de desenvolvimento de negócios, recursos humanos, geofísica, inteligência, e gestão de risco e de controles internos.
Carreiras na área de tecnologia são a aposta para o futuro
Presidente da Equinor Brasil, Margareth Øvrum afirma que o país está entre as três principais áreas de operação da companhia no mundo, junto com a Noruega e os Estados Unidos, e que a empresa de energia planeja ampliar as contratações por aqui nos próximos anos.
— Vemos um crescimento significativo no Brasil, provavelmente iremos aumentar nossa produção de três a cinco vezes até 2030. Estamos recrutando rapidamente, e um dos maiores desafios é conseguir as pessoas certas — disse a executiva, destacando que as áreas de Ciência de Dados e Tecnologia estão entre as mais demandadas.
— O futuro do setor está relacionado à nossa capacidade de mudar e inovar, de nos mantermos competitivos em um futuro de transição energética. Na Equinor, temos uma área de negócios chamada OTE (Tecnologia de Operações e Excelência, em português) que, dentre outras responsabilidades, tem como objetivo o desenvolvimento de novas tecnologias, incluindo iniciativas de eficiência energética — afirmou.
Além disso, Margareth aponta que a companhia tem buscado profissionais com experiência na cadeia produtiva de gás natural, em função do início da abertura desse mercado no Brasil para novos agentes.
Fonte: G1
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