“Aqui é um festival de assalto. Não tem dia nem hora certos, pode acontecer com qualquer pessoa a qualquer momento”, lamenta Ana Andrade, 39 anos. Vivendo há cinco anos na Rua Silveira Martins, principal via do Cabula, a dona de casa é uma das muitas moradoras insatisfeitas com a insegurança nos pontos de ônibus do bairro.
Ana já foi assaltada três vezes, todas em pontos de ônibus. Desde novembro, quando um casal em uma moto a abordou e pediu o celular, ela só sai com o documento de identidade e o dinheiro contado para a passagem de ônibus. A bolsa é deixada em casa. “Geralmente eles vêm de moto, mas às vezes param o carro na frente do ponto, abrem as portas e mandam todo mundo jogar as bolsas para dentro”, relata.
As modalidades de roubo e os perfis dos assaltantes são variados. “Aqui vem assaltante de todo tipo. Do pivete que chega de bicicleta e rouba com faca ao que vem armado com revólver”, explica o mototaxista Edvan Alcântara da Cruz, 39. Ele próprio já foi assaltado quatro vezes no bairro do Cabula.
Vendedores ambulantes que trabalham no ponto localizado em frente à Farmácia do Trabalhador contam que os assaltos se intensificam no local a partir de 18h, porque a região tem pouca iluminação. A falta de policiamento, no entanto, é apontada como principal fator para o aumento no número de assaltos. “Antes três policiais ficavam fixos aqui, mas agora eles só passam rapidamente, em ronda”, lamenta uma vendedora.
Para evitar o assalto no ponto da farmácia, o jeito encontrado por muitos dos moradores é pegar o primeiro ônibus que passa, sem se importar com o destino, e aproveitar a passagem integrada para pegar outro coletivo em outro local. Ainda segundo os ambulantes, os criminosos nem sempre estão armados e preferem assaltar mulheres.
Dois dos pontos preferidos dos assaltantes na Rua Silveira Martins ficam em frente às unidades regionais da Oi e da Vivo. Nesses locais, os funcionários são os alvos preferidos. “Eles vêm principalmente no início do mês, porque sabem que é quando a gente recebe. Três colegas minhas já foram assaltadas”, lamenta a operadora de telemarketing Rita de Cássia Simões, 31.
Rita conta ainda que os assaltos acontecem principalmente à noite. Para tentar evitar a abordagem, os funcionários costumam esperar na porta da empresa, ao invés de ir para o ponto, para que possam correr para dentro do prédio caso sejam abordados. “Alguns motoristas cooperam e param na frente, outros não e aí a gente tem que correr atrás do ônibus”.
Em nota, a PM informou que a 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) mantém dois policiais a pé, todas as manhãs, nas proximidades dos pontos de ônibus da Rua Silveira Martins. Ainda segundo PM, uma viatura é mantida em ponto estratégico e as rondas são realizadas com frequência.
Avenida Barros Reis
Na Avenida Barros Reis, usuários de ônibus relataram que assaltos tem acontecido com frequência no ponto temporário que fica próximo ao Atakarejo. “Minha sobrinha foi assaltada aqui. Um rapaz parou para conversar com ela, enquanto outro vinha por trás e levava a bolsa”, conta o professor de educação física Jailton Silva Santos, 40.
A ambulante Luanda Taíse Santana, 25, disse que os assaltantes têm aproveitado a distância entre o mercado e o ponto temporário para assaltar os compradores. “Nesse percurso aqui é assalto todo dia”. Assim como na Rua Silveira Martins, as mulheres são os alvos preferidos.
Segundo informações da PM, a 9ª CIPM/Pirajá realiza policiamento motorizado de duas e quatro rodas na avenida e mantém guarnições em ponto base nos horários de pico, além de realizar abordagens em pontos de ônibus. As companhias de área contam ainda com o apoio da Operação Gêmeos, que realiza abordagens em pontos de ônibus e dentro dos coletivos, ainda de acordo com a PM. Com informações do Correio.
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