Criado na década de 70, o Shopping Iguatemi foi muito mais que um centro comercial, passou a ser um bairro, uma referência na cidade, um símbolo de status, glamour, um local onde tudo acontecia. Uma loja para ser boa teria que estar obrigatoriamente no Iguatemi. Detentor de inúmeros recordes de vendas e de movimentação de clientes, o centro comercial fez parte da vida do baiano. Em uma cidade com forte vocação para o turismo, uma história rica, belas praias e cultura vasta, o Iguatemi era ponto obrigatório de visitação dos turistas. Debruçado no monopólio, a soberba dos administradores era latente na visão de muitos lojistas que reclamavam da forma como eram tratados, chegando ao ponto de alguns movimentos contrários por parte da associação dos lojistas. Mais de trinta anos se passaram com o Iguatemi reinando sozinho. Com fortes verbas de patrocínios principalmente no carnaval, artistas e São João, a marca e o destino se fortaleceram como um patrimônio do baiano. Sua localização privilegiada e de fácil acesso, foi, para muitos, um dos seus principais segredos. Mas o mercado cresceu e não houve modernização. O público foi ficando mais exigente e novos empreendimentos chegaram na cidade. Confiantes na fidelidade do baiano, a administração do centro comercial pouco fez para acompanhar o movimento de modernização: mais estacionamentos, além de corredores amplos e com luminosidade natural. O Salvador Shopping chegou sem fazer muito alarde, a menos de 1km do seu principal concorrente e com uma proposta arquitetônica que é funcional e extremamente moderna. Resultado: caiu de imediato nas graças do consumidor. Todos passaram a ter um referencial de comparação e notaram o quanto estávamos desprovidos e ultrapassados no que se refere a um centro comercial moderno. O mercado logo se assanhou e surgiram outros centros comerciais: Paralela, Salvador Norte, Bela Vista, além da ampliação e reforma do Barra. Mas o Iguatemi não se mexeu. Não se sabe se isso é culpa da soberba, de uma estratégia de mudança de perfil de cliente ou de dificuldades financeiras. O fato é que as classes A e B abandonaram o ícone baiano. O Shopping não tem atrativos de lazer, gastronomia, apresenta uma dificuldade grande de estacionamento, leva consigo muitas estórias de violência e a classe média que é responsável pela movimentação nos centros comerciais se foi. Para piorar, o SAC, que representava pelo movimento de mais de 5.000 por dia, bateu asas e foi para o Bela Vista numa habilidosa jogada comercial da concorrente. O perfil do cliente mudou e as lojas de grife estão indo embora. Na chamada Alameda das Grifes, nota-se claramente este movimento. Por volta de 13 lojas já foram ou estão sendo fechadas e com isso mais de 150 empregos deixam de existir. Os jovens não frequentam mais o Iguatemi pela total falta de entretenimento e boas lojas, resumindo-se apenas aos excelentes Outback e Pereira Café. Como nada vida é eterno, o destino comercial do baiano também tem mudado, neste caso, mudado de endereço.
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